Murdoch promete cooperar na investigação de escutas ilegais
Pelo segundo dia consecutivo, a News International, a empresa de Murdoch no Reino Unido, publicou pedido de desculpas públicas nos dominicais britânicos pelo escândalo das escutas telefônicas do "News of the World", que abrangeram desde políticos e famosos a pessoas comuns. Ao todo, estima-se que 4.000 celulares foram grampeados.
Com o compromisso de que vai "compensar o mal feito", Murdoch promete compensações aos afetados e assinala que "não haverá lugar para esconder-se" da investigação policial, com a qual garante que vai colaborar "totalmente" e "de forma ativa".
A própria polícia foi criticada diante das denúncias de que alguns agentes corruptos teriam aceitado dinheiro do "News of the World" para revelar informações exclusivas e de até mesmo servir de consultor a um ex-subdiretor do tabloide na época para que os grampos não fossem investigados a fundo.
Neste domingo, alguns meios britânicos publicaram que o comissário-chefe da Scotland Yard, Paul Stephenson, passou cinco semanas em um balneário de luxo e a conta teria sido paga por um jornalista, mas a polícia afirmar que a fatura coube ao gerente do local.
Enquanto isso, a Scotland Yard cita o "News of the World" por não colaborar na primeira investigação das escutas apesar de desde 2006 vários e-mails internos já falarem dessas práticas jornalísticas ilegais. No entanto, os e-mails não foram entregues até este ano à polícia.
DEPOIMENTOS
Sobre isso terão de responder nesta terça-feira o próprio Murdoch, seu filho James, responsável na Europa pela empresa "News Corporation", e a executiva Rebekah Brooks quando compareçam diante do Comitê de Meios de Comunicação dos Comuns. Há pouco, a "BBC", publicou que Rebekah teria sido presa.
Será a primeira vez que Rupert Murdoch, 80, vai falar diante do Parlamento britânico, onde importantes executivos de suas empresas minimizaram em comparecimentos anteriores a extensão das escutas do tablóide, agora comprovada.
Segundo o dominical "The Observer", o magnata reuniu-se neste fim de semana em sua casa de Londres com renomados advogados e um analista em relações públicas para preparar o comparecimento, que será transmitido pela televisão.
Os três diretores deverão explicar que sabiam dos grampos do "News of the World", se encobriram o assunto durante anos e qual era sua extensão, depois que James Murdoch admitisse recentemente diante dos funcionários que não se limitaram a um só repórter, como foi dito durante anos.
Após anos de exibir publicamente suas relações com a classe política, no Reino Unido aumentam as críticas contra o dono da "News Corporation", que possui os jornais britânicos "The Times", "The Sunday Times" e "The Sun", o mais lido do país, além de 39% do canal de televisão "BSkyB".
CRÍTICAS
Neste domingo, o líder trabalhista, Ed Miliband, defendeu o desmantelamento do império de Murdoch por considerar que "não é saudável" tamanha concentração de poder, e o vice-primeiro-ministro, o liberal-democrata Nick Clegg, pediu maior pluralidade na imprensa.
O mais contundente foi Miliband, quem defendeu por um acordo entre os partidos que modifique as leis para cortar o "excessivo poder sobre a vida pública britânica" de Murdoch, que possui 20% dos meios de Reino Unido.
O vice-primeiro-ministro Clegg opinou por sua vez que "uma imprensa saudável é diversificada, com diferentes organizações competindo", e pediu "voltar a examinar as leis de pluralidade para garantir que há adequada pluralidade na imprensa britânica".
Em representação do governo, o ministro da Defesa, Liam Fox, pediu reação "sem histeria" à atual crise e defendeu que o Reino Unido tem "uma imprensa muito plural".
Este é o primeiro domingo em 168 anos que não o tabloide "News of the World" não chega às bancas, fechado há uma semana pelo escândalo que chocou o Reino Unido e os meios de comunicação do mundo inteiro.
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