Por competitividade, Portugal defende euro mais frágil
"Eu gostaria que o euro fosse mais frágil para que os países europeus fossem mais competitivos", afirmou em declarações aos jornalistas o chefe do Estado luso após uma visita à localidade de Caminha, ao norte do país.
Cavaco mostrou-se favorável a que a moeda americana "se valorize um pouco mais" e considerou "irônico" que se coloque em questão o futuro da zona do euro quando esta "é a moeda mais forte do mundo".
Francisco Seco/AP |
Cavaco Silva defende a desvalorização do euro frente ao dólar para o bloco ter mais facilidades em sair da crise. |
O líder conservador, reeleito pelos portugueses em janeiro para outro mandato de cinco anos, lembrou que quando o euro nasceu valia US$ 1,16, chegou a custar US$ 0,82 e atualmente é cotada acima de US$ 1,40.
Segundo Cavaco, a desvalorização do euro facilitaria que a indústria e o comércio europeu ressurgissem, já que o preço de seus produtos seria mais acessível para compradores de outros países do que são atualmente.
"Isto demonstra que nem sempre se entende a solidez deste projeto --em referência ao euro-- quando se fala que pode desmoronar de um dia para outro", já que os investidores "continuam comprando" a divisa europeia, insistiu.
O presidente português, economista de formação e líder histórico do Partido Social Democrata --agora no Governo--, colocou durante as últimas semanas diversas ideias para que seu país saia da crise, entre estas o fomento do consumo de produtos agrícolas nacionais para reduzir o deficit comercial.
Depois dos últimos cortes da agência de classificação de risco Moody"s à economia portuguesa --o último deles na véspera, com o rebaixamento da nota de sete entidades financeiras--, Cavaco Silva se transformou no líder político luso que mais duramente criticou o funcionamento das agências de classificação de risco.
"A falta de transparência das agências de anotação norte-americanas são uma ameaça à estabilidade da economia europeia", advertiu o dirigente conservador há uma semana.
Analistas lusos destacaram neste sábado a mudança de opinião registrada pelo presidente, quem há alguns meses --com os socialistas ainda à frente do Executivo-- mostrou-se contrário a "recriminar" as decisões destas agências e a "atacar ao mercado".
Os mercados voltaram a manter nesta semana sua pressão sobre a dívida lusa, que continua sendo cotada a juros recordes no país desde a entrada em vigor do euro, coincidindo com a publicação de novas previsões econômicas que auguram uma queda do PIB português entre 2,2% e 2,3% para o ano de 2011.
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