Pinheiro deixa cargo, após privatizar Sanecap e desapropriar estádio
Júlio Pinheiro encerra neste domingo o curto mandato de prefeito de Cuiabá por 15 dias. Foi o bastante para ele, com seu estilo farrarão, populista e demagogo, tomar posturas e decisões polêmicas. Mesmo assim, sai criticado por uns, mas elogiado por outros. Volta a sentar na cadeira de presidente da Câmara Municipal, se gabando de ter conseguido articular a aprovação e depois a sanção da lei que extingue a Sanecap, criando uma agência de regulação para permitir ao município entregar para a iniciativa privada a concessão dos serviços de água e esgoto.
Ainda enquanto prefeito em exercício, Pinheiro baixou um decreto que determina a desapropriação do estádio Presidente Eurico Gaspar Dutra, o Dutrinha, que pertencia à Federação Mato-Grossense de Futebol (FMF) e, agora, passa a ser patrimônio do município. Na prática, representa mais um fardo para a prefeitura carregar. Terá de pagar cerca de R$ 5 milhões em indenização pela área de 25 mil m2 que engloba toda a quadra onde está localizado o estádio, no centro de Cuiabá.
Se tivesse mais uns 15 dias de mandato como chefe do Executivo, o vereador petebista teria tomado uma outra decisão polêmica, a de cortar quase pela metade o número de beneficiários do passe-livre. Ele entende que estudantes de escolas e faculdades privadas não devem usufruir do transporte gratuito e, com o passe restrito a alunos de escolas públicas iria reduzir as despesas custeadas hoje pela prefeitura junto às empresas do transporte coletivo.
Chico Galindo, do mesmo PTB de Júlio Pinheiro, reassume o Palácio Alencastro nesta segunda. Ele já convocou uma reunião para o mesmo dia com o seu secretariado. Quer saber se o substituto não tomou outras decisões sobre as quais ainda não tem conhecimento. De todo modo, não achou que Júlio foi inconsequente, mas sim corajoso em adotar medidas antipopulares, se mostrando, inclusive, bom "articulador" político.
Consequências
A lei que muda a gestão do saneamento da Capital vai continuar gerando muita discussão e embates. Galindo vai ser pressionado, inclusive pelo Ministério Público, para revogá-la, algo difícil de acontecer na prática, considerando que partira dele próprio a orientação para Júlio e o presidente da Sanecap Aray da Fonseca conduzirem as mudanças, enquanto estava de férias. De forma estratégica, o prefeito tirou dos ombros o peso do desgaste que, num primeiro momento, ficou com o prefeito em exercício.
Para conseguir aprovação do projeto, Pinheiro manobrou nos bastidores. Encaminhou a mensagem para ser votada em regime de urgência, urgentíssima. Mandou dizer aos colegas parlamentares que não se tratava de "privatização" e muito menos de acabar com a autarquia. Acabou passando "mel na boca" dos vereadores. Soma-se a isso a atuação pífia dos parlamentares, que não foram capazes de estudar a proposta antes de aprová-la.
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