Tráfico de drogas, brigas, roubos, furtos e assassinatos estão entre as principais ocorrências
Em Cuiabá, escolas públicas são consideradas violentas

Pelo menos 20 escolas públicas de Cuiabá apresentam índices alarmantes de violência. A informação é da própria Secretaria de Educação (Seduc), que solicitou ajuda da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) para conter a "onda" de criminalidade dentro das unidades educacionais. Na rede estadual na Capital, existem 74 escolas e em Várzea Grande são outras 43 unidades

A situação de insegurança chegou ao seu ápice na manhã de quinta-feira (21), quando o estudante Gustavo Pacheco da Silva, 16, do 8º ano da Escola Estadual Cesário Neto, localizada no bairro Bandeirantes, na área central de Cuiabá, da capital, foi executado com cinco tiros no pátio do colégio.

Os autores do assassinato também são estudantes da mesma escola. Trata-se de Vinícius Toledo Lemos e Maurício da Silva Pereira Filho, ambos de 18 anos, presos em flagrante.

A execução do jovem teria sido motivada por uma rixa antiga, envolvendo uma briga entre gangues do bairro Areião, local onde os executores residem, e do bairro Dom Aquino, onde a vítima morava com a família.

Segundo informações da assessoria de imprensa da Seduc, a questão da insegurança dentro das escolas é antiga e já é pauta de reuniões com a Sesp. A secretaria informa que são de conhecimento do órgão "atitudes inadequadas" dentro des escolas, e a principal delas seria o tráfico de drogas.

"Nós não podemos impedir os alunos de se matricularem, temos que receber todos os tipos de alunos, os que querem realmente estudar e os que vão para escola para fomentar o crime. Existem alunos que são envolvidos com o tráfico de drogas, com roubos, furtos, os mais diversos crimes. Mas, mesmo assim, não há como proibi-los de freqüentar a unidade. No fim, os problemas entram nas escolas e fica difícil de contê-los", informou um assessora da Seduc.

Entre os problemas citados pela Seduc,o principal é o envolvimento dos alunos com o tráfico e o uso de drogas. "Há alunos que se envolvem com drogas, alguns até têm passagem pela Polícia, mas como vamos impedir que a situação seja contornada? É uma situação que envolve muito mais a Segurança Pública. A Sesp deve nos fornecer meios necessários para que as escolas não perca a sua finalidade, que é ensinar", completou.

Onda de assaltos e furtos

Não é hoje que a violência nas escolas têm estampado as manchetes da mídia. Em 2007, um rapaz foi perseguido até a própria Escola Cesário Neto e morto dentro do colégio. Na época, a Polícia tratou o caso como um "acerto de contas".

A criminalidade nas escolas não é "privilégio" das escolas estaduais. A rede municipal tem sofrido constantemente com ondas de assaltos e furtos, crimes que têm atormentado os diretores das unidades educacionais, que já não sabem mais o que fazer para proteger o patrimônio público.

Somente nos últimos meses, foram registrados 11 assaltos nas escolas municipais de Cuiabá. Na maior parte dos casos, o alvo dos criminosos são os computadores do laboratório de informática. A estimativa da Secretaria Municipal de Educação é de que mais de 150 máquinas foram levadas das unidades, no período. 

Projeto atrasado

Depois da tragédia ocorrida no pátio da Escola Cesário Neto, o secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado, disse, em entrevistas, que está "antecipando" um projeto que seria apresentado na próxima semana para o Governo do Estado.

O projeto visa a colocar policiais militares da reserva (aposentados) para atuar como segurança nas escolas.

A Seduc repassou à Sesp dados estatísticos das escolas estaduais que apresentam maior número de problemas de todas as naturezas.

Segundo a assessoria de imprensa, nessas escolas, a Secretaria de Segurança realizará trabalho de investigação policial, além de intensificar o patrulhamento da Polícia Militar, que já realiza policiamento preventivo no entorno das escolas.

Segundo a Sesp, uma prova da ação policial presente nas escolas foi a prisão imediata dos dois jovens envolvidos no assassinato de Gustavo, na quinta-feira, na Escola Cesário Neto.