Evita Perón ganha retrato de dez andares de altura na Argentina
Quase seis décadas após sua morte, a figura de Evita Perón ainda está muito presente na política argentina.
A partir da terça-feira, um enorme retrato da carismática ex-primeira-dama, com dez andares de altura, vai velar sobre a capital, em uma homenagem paga pelo governo e inspirada na famosa estátua de Che Guevara na praça da Revolução, em Havana.
A presidente Cristina Kirchner, que frequentemente evoca a memória de Evita em seus discursos, vai inaugurar -- três meses antes da eleição presidencial -- o retrato de ferro batido que recobre um lado do prédio do Ministério da Saúde.
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O presidente argentino Juan Domingo Perón e sua mulher, Evita Perón, em foto de 1950 |
"O objetivo desta obra de arte é render homenagem a uma mulher que lutou pela justiça social", disse Alejandro Marmo, o artista de quem o governo de centro-esquerda de Cristina encomendou o retrato no ano passado.
"Estamos exibindo um novo ícone, assim como aconteceu com Che em Cuba", ele disse, aludindo à imagem cult do revolucionário argentino na capital cubana.
Atriz que se casou com o falecido presidente Juan Perón, Evita é adorada por muitos argentinos por ter ajudado a conquistar o direito do voto feminino e benefícios trabalhistas para a classe trabalhadora, além de ter fundado hospitais e orfanatos.
A imagem gigante de Evita, que tem 31 metros de altura e 24 de largura, ergue-se sobre a avenida movimentada que corta o centro de Buenos Aires. Evita é mostrada em imagem glamorosa, com o coque que era seu penteado de praxe.
A inauguração do retrato, na terça-feira, assinala o 59º aniversário da morte de Evita, de câncer, aos 33 anos e no auge de sua popularidade.
"Esta obra vai lembrar aos argentinos e aos visitantes esta mulher que viveu apenas até os 33 anos, mas conquistou a imortalidade", disse Miguel Angel de Renzis, diretor da Fundação Evita, uma entidade de caridade fundada após sua morte.
O retrato escultural adorna uma lateral do edifício de onde Evita muitas vezes discursou para multidões e onde ela decepcionou seus seguidores ao dar a entender que não se candidataria a vice de Perón em 1951.
Outra imagem, de uma Evita combativa discursando para uma multidão imensa, será colocada do outro lado do edifício e deve ser inaugurada nos próximos meses.
"A outra Evita é mais rebelde", disse Laura Macek, historiadora do Instituto Evita Perón de Pesquisas Históricas, de Buenos Aires. "Ela não é apenas a Evita boa, a fada madrinha que dava brinquedos a nossos filhos, mas uma Evita militante, engajada com uma causa."
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