Defensoria pede indenização por morte de agente
A Defensoria Pública de Mato Grosso ingressou com ação de indenização por danos morais à família do agente prisional Wesley da Silva Santos, 24, morto após tentativa de motim na Penitenciária Central do Estado (PCE). O defensor Clodoaldo Queiroz pleiteia o valor de 500 salários mínimos, R$ 272,5 mil, além de pensão vitalícia de R$ 886 em favor de Dirce Maria da Silva, 51, mãe do servidor, referente à metade dos vencimentos de Santos.
Enquanto a Justiça não concede o benefício, a mãe do agente revela total omissão do Estado no amparo à família. Segundo ela, a única ajuda recebida foi dada no enterro de Santos, ocorrido há mais de 30 dias. Nem os vencimentos dos plantões realizados pelo agente, 3, foram pagos. "Estou doente, mas obrigada a acordar todos os dias às 5 da manhã para trabalhar, porque tenho que me manter".
Dirce exerce as funções de diarista e, além do dinheiro arrecadado com as faxinas, tem recebido a ajuda dos parentes.
Morando de favor em uma casa no bairro São Francisco, periferia da Capital, Dirce conta que não tem condições de arcar com o tratamento médico a qual tem se submetido por problemas, segundo ela, de origem emocional, que inclui medicamentos e exames. "Se for aguardar o Sistema Único de Saúde (SUS) morro sem saber o que tenho. O governo não me deu nem 1 comprimido e, dinheiro para pagar, não tenho".
Ela considera o tratamento recebido pelo Poder Público, até agora, injusto, vez que seu filho morreu a serviço do Estado. "Nada vai apagar a dor que sinto em ter perdido o Wesley, mas eu quero Justiça"
Dirce afirma que até mesmo a assistente social para auxiliar a família do agente, conforme informou à época a Secretaria de Estado de Administração (SAD/MT), não apareceu. "Foram só mentiras para cima de mim. Estou revoltada".
Nem sequer o andamento das investigações para apurar quem matou o agente, e que conta com 2 inquéritos, foi passado. "Recebi, das mãos do defensor, o laudo do Instituto Médico Legal e só".
Arrimo de família, Santos sonhava em ser agente prisional e dar uma vida digna para sua mãe, lavadeira no município de Nortelândia (253 km a médio-norte da Capital). Em nome desse sonho, chegou a vender seu aparelho televisor e um notebook para custear os estudos e exames necessários para assumir a função.
Após a posse, passou por treinamento considerado, por ele mesmo, insuficiente. Assim que começou a trabalhar, estranhava o fato de andar sozinho e desarmado, em meio a dezenas de presos. "Ele dizia, mãe, eu sozinho no meio um monte de bandidos condenados, sem saber qual o psicopata que vai tentar me matar".
Conforme o defensor Queiroz, a expectativa de deferimento da pensão é grande e, dada à solicitação de tutela antecipada, aguarda para os próximos dias o pagamento do valor. Explica que para receber o salário devido, a mãe de Wesley necessitaria de alvará judicial, documento semelhante a inventário.
Outro lado - Procurado pela equipe de reportagem por meio de sua assessoria, o secretário de Administração de Mato Grosso, César Roberto Zílio, não foi localizado para responder os questionamentos gerados pelo caso.
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