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Cidades
Quinta - 28 de Julho de 2011 às 15:40
Por: KATIANA PEREIRA

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As principais praças da área central de Cuiabá estão se transformando numa espécie de "mercado persa", na medida em que são invadidas pelo comércio informal. A reportagem do MidiaNews visitou as praças Alencastro, da República e Ipiranga e flagrou várias irregularidades.

Na Praça Alencastro, localizada na Avenida Getúlio Vargas, em frente à sede da Prefeitura Municipal, é possível ver um amplo comércio de frutas, picolés, lanches, sucos, água de coco, CDs e DVs piratas, raízes e até pão caseiro.

Se o consumidor tiver "sorte", ainda pode encontrar um declamador de poesias, que passa por lá de vez em quando e vende os livros de sua própria autoria, além de pastores evangélicos, que fazem sermões.

Outra prática comum na Alencastro é a fixação de quiosques improvisados, que vendem apartamentos, TV por assinatura, linhas telefônicas, pacotes turísticos, tratamento odontológico, entre outros serviços. Um ponto de mototáxi foi montado no local e os veículos estacionados impedem a livre circulação dos pedestres.

Os produtos e serviços oferecidos numa das mais tradicionais praças da capital de Mato Grosso não passam pela fiscalização municipal. Os ambulantes não possuem alvará que lhes dê autorização para a prática de comércio no local.

Um vendedor de frutas, instalado na praça há mais de quatro anos, por exemplo, disse ao MidiaNews que tem pleno conhecimento de que a sua situação e a dos demais vendedores são irregulares.

Segundo o ambulante, os fiscais conhecem a realidade do comércio ilegal e alguns comerciantes teriam sido advertidos pela Secretaria de Meio Ambiente e Assuntos Fundiários, mas continuam na informalidade.

"Tem gente que trabalha na Praça Alencastro há mais de 10 anos. Quando vieram nos notificar, falamos que iríamos sair daqui somente se a Prefeitura arrumasse outro local para nos instalarmos", disse o José Aparecido Barbosa, que vende frutas.

Os dias na Alencastro são animados por um performático índio terena, que vende raízes e receitas medicinais. Todos os ensinamentos são narrados na praça, com a utilização de um microfone. Não é raro ver o índio rodeado por curiosos, muitos dos quais recorrem à denominada medicina alternativa.

A Secretaria de Meio Ambiente informou que o índio tem autorização da Funai para divulgar a cultura de sua aldeia; por isso, o trabalho é permitido na praça. Em vez de cultura, ele vende plantas.

Praça da República

Não muito distante da Alencastro, já na Praça da República, o site flagrou vendedores de ervas medicinais, quadros de parede, panos de prato, cartão de celular e até cursos universitários.

Registrou-se, inclusive, a ação de um grupo de pelo menos 10 atendentes, que, com pranchetas e fichas cadastrais na mão, oferecem em praça pública o tão sonhado diploma universitário, por "até R$ 180 mensais".

Praça Ipiranga

A Praça Ipiranga talvez seja o ponto mais crítico de comércio ilegal em Cuiabá. Os ambulantes tomaram conta de praticamente todo o logradouro. O ambiente é extremamente sujo e desagradável. Há uma proliferação de bancas que vendem meias, calcinhas, toalhas, calculadoras, bijuterias, lanches, sucos, pipoca, doces e outros produtos.

A origem da maioria da maior parte dessa mercadoria, segundo as informações, é o contrabando. Os vendedores ambulantes não possuem alvará e desafiam a lei todos os dias, colocando os produtos à venda, sem possuírem nota fiscal.

Os ambulantes também já invadiram parte do leito da Rua 13 de Junho, paralela à Praça Ipiranga, onde montaram barracas, muitas das quais concorrerem com lojas instaladas regularmente, há anos, na região. Os pedestres têm dificuldade em circular pelas calçadas e utilizam a própria rua, se expondo a risco de atropelamentos. 

Código de Posturas

A assessoria de imprensa da Secretaria de Meio Ambiente disse ao MidiaNews que, constantemente, os ambulantes são notificados e que correm o risco de ter as mercadorias apreendidas, além de ser multados por descumprimento do Código de Postura Municipal, que proíbe a colocação de mobiliários no passeio público.

De acordo com o Código de Postura do Município (Lei Complementar n° 004/1992, Art. 241), é proibido expor, lançar ou depositar nos passeios canteiros, sarjetas, bocas-de-obo, jardins e demais logradouros públicos, quaisquer materiais, mercadorias, objetos, mostruários, cartazes, faixas, placas e similares, sob pena de apreensão dos bens e pagamento dos custos de remoção.

O mesmo código dispõe que, para instalar qualquer tipo de mobiliário nos passeios públicos, depende de prévia autorização do órgão municipal competente, a obra ou a instalação que acarretar interferência em passeio público.

O curioso é que a própria Prefeitura não faz nenhum esforço para que esse Código seja fielmente cumprido.
 






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