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Cidades
Domingo - 31 de Julho de 2011 às 08:33
Por: Raquel Ferreira

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Os 4 estojos de munição retirados dos corpos das vítimas da chacina do "Beco do Candeeiro", que poderiam confirmar o ex-cabo Hércules de Araújo Agostinho como autor das execuções, desapareceram. Com isso, o processo está parado e o crime continua sem solução, 13 anos depois da morte dos adolescentes Adileu Santos, 13, o Baby, Edgar Rodrigues de Arruda, 15, o Indinho, e Reginaldo Dias Magalhães, 16, o Nado. As mortes ocorreram no dia 10 de julho de 1998.

O material é indispensável para realização do laudo de balística para provar ou descartar que a arma usada nas mortes é a pistola calibre 765, semelhante a arma de Hércules usada para matar Alinor Santana Pereira, em 1999. Este assassinato foi cometido pelo policial militar Sandro Márcio Martines, com o revólver emprestado do ex-cabo.

Na Justiça, figura como acusado das mortes o ex-policial Adeir de Souza Guedes Filho. Porém, Ananias Santana da Silva, Edmilson Pereira da Silva e José de Barros Costa, todos amigos do ex-braço armado de João Arcanjo Ribeiro, prestaram depoimento na Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) afirmando que ouviram Hércules contar que havia assassinado as vítimas. A motivação para os crimes seria o fato dos adolescentes terem assaltado a, então, esposa do ex-cabo, Valdete Pedrosa da Silva. Ela nega a versão.

Diante das denúncias, o delegado Luciano Inácio, que estava a frente da GCCO, pediu a 12ª Vara Criminal e 1ª Vara Criminal, onde tramitam os processos do Beco do Candeeiro e da morte de Alinor, respectivamente, que encaminhassem os projéteis retirados dos corpos das vítimas. A intenção era fazer o confronto dos cartuchos com a arma de Hércules e comparar ainda com o projétil retirado do corpo de Alinor.

A 1ª Vara, segundo Luciano, atendeu a solicitação. Mas a 12ª Vara Criminal, não. Ofício encaminhado ao juízo da 12ª Vara pela gestora administrativa de apreensões do Fórum da Capital, Ana Rita Gonçalves Pinheiro, afirma que após várias buscas realizadas nos arquivo e cadastro os cartuchos não foram encontrados. E o paradeiro do material processual é desconhecido.

O delegado lembra que a ausência dos cartuchos impossibilita a perícia e elimina a chance de ter uma prova incontestável da autoria do crime. Ou até mesmo descartar mais essas acusações que pesam contra o ex-cabo. A pistola está na GCCO.

Luciano destaca que as denúncias são feitas por pessoas que também cometeram crimes, o que enfraquece a acusação. Situação agravada ainda mais, em relação a credibilidade de Costa, que é inimigo declarado de Hércules. Os dois eram parceiros e Costa chegou a ajudar Hércules a fugir da Penitenciária Central do Estado (PCE) em maio de 2003. Porém, Costa casou com a ex-mulher de Hércules.

Para o advogado da Associação de Familiares de Vítimas da Violência, Vantuir Pereira, a falta dos cartuchos pode dificultar na produção de provas, mas ele entende os depoimentos das testemunhas como suficientes para incriminar o ex-pistoleiro.

Outro lado

Por meio de assessoria de imprensa, a 12ª Vara Criminal informou que não é possível pode afirmar que os cartuchos foram perdidos.

O processo está com vista para o Ministério Público, que deve verificar os andamentos. O promotor responsável está em férias. 






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