Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, afirmou em uma reportagem exibida pelo Fantástico neste domingo (31) que deixou Eliza Samudio em um ponto de táxi, no dia 10 de junho de 2010.
Macarrão, que é réu pelo desaparecimento e morte da jovem, falou pela primeira vez a uma equipe de televisão de dentro da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde está preso há mais de um ano.
“A história de que ela foi dada "pros" cães e que foi concretada. Eu não fiz isso. Eu deixei num ponto de táxi”, disse.
Macarrão, o goleiro Bruno e Sérgio Rosa Sales estão presos em Minas Gerais e vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
A mulher de Bruno, Dayanne; a ex-namorada do goleiro, Fernanda Gomes de Castro; o caseiro do sítio, Elenílson Vítor da Silva; e Wemerson Marques, o Coxinha, respondem em liberdade por sequestro e cárcere privado. Segundo o processo do Ministério Público, Eliza Samudio foi morta no dia 10 de junho de 2010, após ficar em cárcere no sítio do goleiro Bruno em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O corpo de Eliza nunca foi encontrado.
Na entrevista ao Fantástico, Macarrão confirma que esteve com Eliza e com um adolescente, primo do goleiro, dentro de um carro, no Rio de Janeiro. Segundo ele, Eliza começou a xingar Bruno, e o menor deu um soco no nariz dela. Essa versão contraria a do próprio adolescente, que, segundo a polícia, disse ter dado uma coronhada na cabeça de Eliza.
Macarrão diz que não havia arma dentro do carro. “A gente nunca andou armado”, resumiu. O amigo de Bruno diz ter sido ideia de Eliza sair do Rio e ir para Minas Gerais.
Macarrão diz, ainda, que Eliza começou a exigir dinheiro do goleiro para não revelar à imprensa o filho que ele teria fora do casamento. Segundo o amigo do goleiro, Eliza pediu R$ 50 mil na viagem do Rio para Minas para não falar.
Depois, Macarrão contou que pegou dinheiro que tinha guardado no sítio do goleiro, em Esmeraldas, para pagar à jovem. “Na hora eu tirei R$ 33 mil que eu tinha que dar um dinheiro a mãe do Bruno. Ela ainda brincou comigo: ‘me dá esse resto daí também’. Eu dei R$ 30 mil”.
Leia, abaixo, alguns trechos da entrevista exclusiva de Macarrão ao Fantástico.
Macarrão - Passei a cuidar de tudo. De tudo.
Macarrão - Levar ele pro treino, buscar ele no aeroporto. Na hora que ele acordava, o café da manhã dele. O almoço, a roupa na lavanderia. Tudo, tudo.
Macarrão - Eu nunca tive um contato com Eliza Samudio. Até porque eu morava em Belo Horizonte. Passei a ter contato com ela em janeiro, que eu comecei a passar o dinheiro pra ela.
Macarrão - Ela me ligou e pediu que queria conversar comigo. Ô, coração, calma, não é assim, não. Nós vamos resolver. Ela falou: "quero 1.500". Eu vou arranjar o dinheiro pra você, calma. É só confiar que eu vou arranjar.
O amigo de Bruno estava no Rio de Janeiro com um adolescente, parente do goleiro.
Macarrão - Ela começou a falar: "Quem é o Bruno? Quem ela tá achando que ele é?" Começou a xingar, vários "palavrão". E o garoto foi e tomou a dor. E foi e agrediu ela.
Repórter - Dentro do carro?
Macarrão - Dentro do carro. Onde deu um soco no nariz dela.
Produtora - O menor contou em depoimento que quando ele bateu na Eliza com uma arma. Ele conta que foi com uma arma, não com um soco.
Macarrão - A gente nunca andou armado.
Na versão de Luiz Henrique, ele levou Eliza para a casa do goleiro e foi se encontrar com Bruno na concentração do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Macarrão – Aí eu conversei com o Bruno. Aconteceu isso, isso e isso. O (menor) deu um soco no nariz dela. "Tá" fazendo pressão lá.
Macarrão - Ele ficou assustado. Então ele: "o que que a gente vai fazer?".
De acordo com Luiz Henrique, depois da agressão, Eliza passou a cobrar R$ 50 mil. Ele tinha R$ 30 mil guardados no sítio do goleiro e eles poderiam viajar para pegar o dinheiro. Eliza Samudio, segundo Macarrão, exigiu ir para Minas Gerais para buscar o dinheiro.
Para a Justiça, Eliza já era vítima de cárcere privado neste momento. Luiz Henrique aponta contradições.
Repórter - Vocês chegaram lá no sítio do Bruno todo mundo junto?
Macarrão - Ela sempre ficou à vontade. Lá no sítio nunca teve corrente. As portas lá não "tinha" chave.
Repórter - Ela tava machucada?
Macarrão - Só a coisa do nariz. Mesmo assim não tava saindo sangue, mais nada.
Em uma entrevista no dia 19 de dezembro de 2010 ao Fantástico, Dayanne Souza, mulher do goleiro, contou outra história.
Dayanne - A única coisa que eu falei desde o começo era que ela tava com um machucadinho no dedo. Eu perguntei a ela sobre o machucado. Ela falou que havia prendido o dedo na porta.
Em uma reconstituição feita pela polícia, Sérgio Rosa Sales, primo do jogador, disse ter visto Eliza com um ferimento no topo da cabeça.
Repórter - Como foi o pagamento do dinheiro?
Macarrão - Na hora eu tirei R$ 33 mil que eu tinha que dar um dinheiro a mãe do Bruno. Ela ainda brincou comigo: ‘me dá esse resto daí também’.
Macarrão - Eu dei R$ 30 mil.
Repórter - Você deu R$ 30 mil. Você já tinha dito isso?
Macarrão - Não. Nunca falei, primeira vez que "tô" falando sobre o processo é agora.
Repórter - Você nunca falou isso pra Justiça? Nem pra polícia?
Macarrão - Quando eu cheguei lá, eu queria falar, mas a polícia ela queria que eu colocasse na conta de alguém. Que eu ia pegar 66 anos, que já tinha "caído a casa". Não tenho como inventar uma história não. A história de que ela foi dada pros cães e que foi concretada. Eu não fiz isso. Eu deixei num ponto de táxi.
Repórter - Por que que esse taxista não se apresentou "eu levei a Eliza Samudio pra algum lugar". Seria uma testemunha a favor de vocês pra provar que vocês, na verdade, não mataram ela.
Macarrão - Meu sonho é que esse cara apareça. Eu não sou amigo do taxista.
Repórter - Você viu ela entrando?
Macarrão - Eu deixei ela no ponto de táxi e já arranquei o carro. Eu tava muito atrasado.
Macarrão - Você me perguntou se a gente gostava dela ou não gostava dela. A gente tinha era medo dela. Sempre teve medo dela.
Após a afirmação, o amigo de Bruno levanta uma suspeita.
Macarrão - No sítio, ela tinha ligado "prum" jogador de futebol. Na época era goleiro do Atlético-MG, o Marcelo. Ela ligou, conversou com ele.
Repórter - Isso quando?
Macarrão - No dia 10
De acordo com o réu, Eliza poderia ter ido se encontrar com Marcelo dos Santos Marinho depois de pegar um táxi. Ouvido pela polícia, ele disse que conversou com Eliza cinco dias antes do desaparecimento. Macarrão afirma que os dois conversaram no dia 10 de junho, dia em que Eliza teria sido morta, segundo o processo.
Pelo telefone, Marinho, que não é mais jogador de futebol, disse ao Fantástico que não fala mais sobre o assunto.
No fim da entrevista, Macarrão reforça a ligação de fidelidade com o goleiro Bruno.
Macarrão - Eu gosto do Bruno. Eu gosto. Amo ele.
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