Um levantamento da Polícia Civil aponta que foram registrados 208 homicídios nos sete primeiros meses do ano na região metropolitana da capital de Mato Grosso, sendo 131 casos em Cuiabá e 77 em Várzea Grande. O número representa uma alta de 16,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando aconteceram 178 assassinatos nas duas mais populosas cidades do estado, que juntas somam 780 mil habitantes.
Para o sociólogo e coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Naldson Ramos, a alta dos assassinatos está ligada a uma série de fatores sociais. “A violência é gerada por uma questão cultural, como o estímulo ao machismo para a resolução de conflitos, como também na inoperância do estado para prevenir os crimes”, explicou o sociólogo.
Apesar de registrar queda em relação ao ano passado, o mês de julho foi um dos mais violentos no ano. Em Cuiabá e na cidade vizinha foram registradas, respectivamente, 20 e 13 homicídios no mês. Em junho, aconteceram 27 e 14 assassinatos nas cidades. Na capital, março e junho empataram, com 27 mortes, e foram considerados os meses com mais mortes. Em Várzea Grande, o mês de janeiro, com 16 mortes, foi o mais violento.
O sociólogo explica que nos meses de férias, no meio e no início do ano, tende a ocorrer mais crimes. “Nesses períodos faltam atividades produtivas para as pessoas, principalmente os jovens, que acabam se envolvendo com crimes”, opinou o sociólogo.
Proporcionalmente, Várzea Grande tem registrado mais homicídios que Cuiabá. De janeiro a julho foram 77 homicídios em Várzea Grande, que possui 248.130 habitantes, ante os 131 assassinatos que aconteceram na capital, onde vivem 530.308 pessoas.
Greve
Ainda segundo pesquisador, um fato atual, a greve dos investigadores e escrivães, pode ter contribuído para as mortes no último mês. Há mais de um mês, os investigadores e os escrivães estão em greve. Só 30% dos funcionários estão na ativa e as investigações estão paradas.
A presidente do Sindicato dos Escrivães de Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (Sindepojuc), Genima Evangelista, reconheceu que a paralisação tem prejudicado o atendimento das ocorrências nas delegacias do estado. Isso porque neste período estão sendo registrados apenas os flagrantes de crimes.
Outro lado
A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que Diretoria da instituição não vai comentar os números de homicídios registrados neste ano. Disse apenas que um levantamento da Polícia Civil, feito no ano passado, mostra que a polícia tem um índice de 98% de resolução de homicídios. A reportagem do G1 também entrou em contato com a Polícia Militar, mas ninguém foi localizado para falar sobre o assunto.
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