A pecuária mato-grossense enfrenta uma nova crise que atinge a rentabilidade do produtor. Apesar da valorização da arroba do boi gordo, que passeia na casa dos R$ 80, o custo da produção atrapalha o aumento da renda da porteira para dentro. Se por um lado a lei de oferta e demanda tem assegurado o preço da arroba nas alturas, em outro, a crise das pastagens obriga o produtor a gastar mais para alimentar o rebanho. O problema é com a necessidade de adquirir suplementação alimentar, já que 10% das pastagens morreram por conta da estiagem no ano passado. Em 2006, a rentabilidade do produtor foi afetada quando a arroba do boi teve queda, chegando a R$ 36. Nessa época, os prejuízos foram provocados quando um caso de aftosa em Mato Grosso do Sul restringiu as exportações no país e fez abarrotar de produtos o mercado interno.
O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, afirma que o aumento do custo da produção apagou a empolgação para a arroba valorizada. Conforme ele, o ganho atual ainda não permite investimentos, como a recuperação das pastagens. De acordo com Vacari, o comum entre a crise de 2006 e a atual é o aumento no abate de matrizes. Há seis anos o elevado abates de fêmeas ocorreu pela desvalorização da arroba. Neste ano, o impasse é com a necessidade de liberar espaço na pastagem que resta para alimentar o rebanho. Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que do total de animais destinados para o abate neste ano, cerca de 52% eram fêmeas.
Sobre o custos da produção, o Imea também relata que os gastos com suplementação animal, como sal mineral e ração, subiram 5,26% na cria (R$ 11,79 para R$ 12,41 a arroba) e 3,21% na engorda do gado (de R$ 2,19 para R$ 2,26 a arroba). Os indicadores incentivaram o acréscimo do custo total de produção da cria, em 6,28%, e da engorda, em 4,8%.
O economista Amado de Oliveira avalia que o aumento do consumo da carne tem garantido um preço satisfatório na arroba, o que é suficiente para a continuidade da atividade. Em um ano, o preço do boi teve alta de 19%, passando da média de R$ 71 para R$ 85 neste ano. No início deste ano arroba chegou a custar R$ 93.
Oliveira lembra que repetir os prejuízos da crise de 2006, considerando o cenário atual, implicaria na quebra financeira de muitos produtores mato-grossenses. Para ele, apesar do produtor perder na rentabilidade, o consumidor é um dos mais penalizados na cadeia da carne. “O aumento é repassado, mas raramente ocorre redução do preço no varejo”.
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