Na saída da delegacia, uma passageira, que não quis se identificar, reafirmou que os tiros não partiram dos criminosos. "Os tiros partiram do policial. Vieram de fora para dentro. Eles (criminosos) não dispararam nenhum tiro. Não houve disparo dentro do ônibus", disse ela após prestar depoimento e fazer o reconhecimento dos suspeitos. Ela não ficou ferida no tiroteio.
O ônibus que liga a Praça XV a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi cercado pela polícia na pista sentido Praça da Bandeira, na altura do Sambódromo. Segundo a polícia, quando o ônibus parou no ponto, os criminosos entraram e pagaram a passagem. O motorista desconfiou e no ponto seguinte conseguiu fazer sinal para dois policiais e aproveitou para fugir.
Policiais militares do batalhões do Méier, de São Cristóvão e da Praça Tiradentes, do Batalhão de Policiamento de Choque (BPCHQ) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram acionados para o local. Os pneus do ônibus foram furados após duas tentativas de fuga dos criminosos. Policiais armados de fuzis e pistola se posicionaram do outro lado da pista.
De acordo com a delegada Gisele Rosemberg, a maioria dos passageiros disse em depoimento que quatro homens entraram no ônibus e que um deles saltou do veículo com uma refém e depois fugiu. Outro criminoso teria deixado o veículo em seguida. Durante a fuga, o homem ainda roubou um carro e manteve um casal refém até Manguinhos, no subúrbio.
Após uma hora e meia, os dois criminosos que estavam no ônibus se renderam. Mais tarde, a polícia prendeu em flagrante o suspeito que tinha fugido para Manguinhos. Ele foi preso quando recebia atendimento num hospital, em Copacabana, na Zona Sul. A polícia disse que o quarto suspeito do crime já foi identificado e que vai pedir a sua prisão preventiva.
O G1 tentou entrar em contato com a Polícia Militar, mas ninguém foi encontrado para comentar o assunto.
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A delegada afirmou, ainda, que haveria outros comparsas num carro que estava em frente ao ônibus. Segundo ela, as vítimas contaram que os criminosos se comunicavam com outras pessoas pelo celular.
O analista de suporte, Hélio Gomes, que foi obrigado pelos criminosos a dirigir o ônibus após o motorista abandonar o veículo, disse que ouviu os suspeitos se comunicarem com os comparsas: "Toda hora eles falavam ‘volta para socorrer a gente, volta pra socorrer a gente’. Eles mandaram arrancar. Eu consegui fugir já no segundo cerco, quebrei o vidro e sai”, contou.
De acordo com a delegada Gisele, um dos suspeitos presos já possui passagem pela polícia e outro possui um mandado de busca e apreensão. Ele afirmou que todos vão responder pelos crimes de roubo triplamente qualificado, formação de quadrilha e receptação. Com eles, a polícia apreendeu três pistolas - uma delas com numeração raspada - e uma granada.
Fim do sequestro
A Secretaria estadual de Segurança Públicia anunciou o fim do sequestro por volta das 21h30 de terça-feira. Os dois criminosos se renderam após cerca de uma hora e meia de negociação com a polícia. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, quatro pessoas foram baleadas. A Polícia Militar também confirmou que um policial ficou ferido durante o tiroteio.
De acordo com a Secretaria de Saúde, os feridos são duas passageiras e um homem que estava dentro de um veículo que passava pelo local. Um outro homem foi atingido de raspão na perna e já foi liberado do hospital. Uma mulher que levou um tiro no tórax e está no CTI. Seu estado de saúde é grave.
A outra mulher foi atingida perto da região do glúteo e passa bem, e o homem foi baleado no pescoço. Ele está em observação.
O policial foi ferido na perna, e foi levado para o hospital central da Polícia Militar. Onze reféns saíram ilesos na operação. O Comandante da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, falou sobre o sequestro logo após a rendição dos bandidos. “Foi tudo resolvido de uma forma muito rápida”.
"Foi uma noite de terror", diz passageira
Amparada pelo filho, Maria dos Santos, de 52 anos, que estava no ônibus, contou que os criminosos aparentavam estar nervosos e que eles ameaçavam os reféns com uma granada: “Eu nunca pensei que fosse passar por isso. Foi uma noite horrível, de terror. Não desejo isso a ninguém”, disse ela, que trabalha no camelódromo na Uruguaiana, no Centro.
O estudante Eduardo da Silva, de 21 anos, filho de Maria dos Santos, disse que soube do assalto por telefone. Ele afirmou que a mãe costuma pegar o ônibus que faz a linha Praça XV/Duque de Caixas com frequência, e confirmou que ela nunca tinha sido assaltada antes. Ele acompanhou a mãe na noite desta terça, durante depoimento no 6ª DP.
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