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Tecnologia
Quinta - 11 de Agosto de 2011 às 20:04

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Na era do Facebook e do Twitter, talvez fosse inevitável que a próxima novidade fosse o serviço fúnebre ao vivo pela internet.

Não é surpresa que as mortes de celebridades são promovidas como eventos internacionais na web. Mas hoje os velórios e funerais de cidadãos menos famosos, que antes eram privativos, também estão entrando on-line.

  Janie Osborne/The New York Times  
Irene Dahl (à esq.), dona da Capela Fúnebre Dahl, ajusta equipamentos para a exibição de um funeral
Irene Dahl (à esq.), dona da Capela Fúnebre Dahl, ajusta equipamentos para a exibição de um funeral

Várias empresas de software criaram programas fáceis de usar para ajudar as empresas funerárias a atender às famílias enlutadas. A FuneralOne, uma loja de memoriais on-line sediada em St. Clair, Michigan, viu o número de casas fúnebres que oferecem transmissões pela web, ou webcasts, aumentar de 126 em 2008 para 1.053 em 2010 (ela também vende DVDs de tributo digital).

Nesse mesmo período, a Event by Wire, em Half Moon Bay, Califórnia, viu o número de serviços de transmissão ao vivo de casas fúnebres saltar de 80 para 300. E, em janeiro, a Service Corporation International, em Houston, Texas, que possui 2.000 casas fúnebres e cemitérios, disse que estava conduzindo um programa piloto de webcasting em 16 de suas funerárias.

Viajar para assistir a velórios já foi um rito familiar importante, mas com a maior secularidade e mobilidade da população assistir a uma dessas cerimônias on-line pode parecer melhor do que simplesmente não participar. A mídia social modificou as barreiras comunitárias do que é aceitável.

"Estamos na sociedade do YouTube", disse Joseph Joachim, fundador da FuneralOne. "Vivemos mais do que nunca on-line."

Em 11 de janeiro, mais de 7.000 pessoas assistiram ao vivo em Santa Ana, Califórnia, ao funeral de Debbie Friedman, uma cantora cuja música combinava texto judeu com ritmo folk. Ele foi visto no Ustream, um serviço de vídeo na web, e, nos dias seguintes, mais de 20 mil pessoas o assistiram on demand (por encomenda).

"Nós pretendíamos assistir só alguns minutos, mas acabamos vendo quase inteiro", disse Noa Kushner, um rabino de San Anselmo, Califórnia, e fã da música de Friedman. "Fiquei comovido."

A tecnologia para colocar os serviços fúnebres on-line demorou para atingir essa indústria compreensivelmente delicada. Alguns diretores de casas fúnebres não querem substituir a experiência humana comunitária por outra digital e solitária, disse John Reed, ex-presidente da Associação Nacional de Diretores de Funerárias. Outros temem que se a qualidade do vídeo for ruim vai refletir mal para a empresa.

E a conversa sobre se o funeral será transmitido on-line pode ser estranha. Os diretores dessas firmas são conservadores, disse Reed; a privacidade é fundamental. Mas alguns oferecem o serviço de graça, enquanto outros cobram de US$ 100 a US$ 300. Se uma família quiser que o serviço seja privativo, os convidados receberão uma senha para permitir seu acesso.

Nem todos os participantes de funerais querem que suas imagens sejam captadas on-line. Irene Dahl, dona da Capela Fúnebre Dahl em Bozeman, Montana, disse que, no ano passado, um rapaz foi a um velório vestido de mulher e pediu para não ser filmado. "Ele não queria que sua mãe soubesse", disse Dahl. Ela contou que quase um terço das cerimônias organizadas por sua funerária no ano passado --cerca de 60-- foram transmitidas ao vivo.

  Janie Osborne/The New York Times  
Preparativos para a exibição de um funeral na Capela Fúnebre Dahl
Preparativos para a exibição de um funeral na Capela Fúnebre Dahl

Russell Witek, 14, filho de Karen Witek, de Geneva, Illinois, morreu de tumor cerebral em 2009. A Casa Fúnebre Conley, na cidade próxima de Elburn, se ofereceu para transmitir o velório ao vivo. "Nós dissemos: por que não?", contou Witek. Seu cunhado estava no Oriente Médio, e a enfermeira de Russell também estava distante. Witek havia feito amizades em sites de mídia social, incluindo um grupo de apoio a pacientes, e eles também não poderiam participar. A casa fúnebre disse que 186 pessoas assistiram ao funeral ao vivo, e outras 511 assistiram sob encomenda.

Para William Uzenski, pai de Nicholas Uzenski, fuzileiro naval que servia no Afeganistão e foi morto em 11 de janeiro de 2010, a transmissão ao vivo pela web ofereceu muito conforto. Uzenski disse que queria que os militares colegas de Nicholas no Afeganistão pudessem assistir ao velório. Por isso, Irene Dahl organizou a transmissão juntamente com o Exército.

O funeral foi visto em 80 cidades e quatro países, incluindo o Afeganistão. 






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