Para PF, funcionários da Caixa ajudaram ONG investigada
De acordo com relatório que a Folha teve acesso, um servidor chega a repassar documentos sigilosos para uma integrante do esquema.
A Caixa informou que está apurando o que aconteceu para poder tomar as providências necessárias.
"Os áudios também fornecem consistentes indícios de que Katiana e Luiz [dirigentes da ONG] contam com a colaboração de funcionários da Caixa Econômica Federal (provavelmente da agência Iguatemi, de São Paulo), que deixam de fazer algumas exigências normais para as operações por eles realizadas, inclusive repassando via fax documentos com informações sigilosas", diz o relatório da PF.
Na conversa gravada, Katiana Necchi pede documentos para um funcionário da Caixa Econômica Federal.
O servidor repassa para Katiana os documentos, mas avisa que são confidenciais e que ela deve suprimir certas partes, "senão ele poderá ter problemas".
Para a PF, há indício de "possível conduta de quebra de sigilo funcional".
Leia a conversa gravada
Funcionário: Só que é o seguinte, vou te mandar um documento que você tem a obrigação de me tirar aquela parte confidencial, tá?
Katiana: Ah, tudo bem.
Funcionário: Aquela parte que tem o asterisco 20, pelo amor de Deus, dá fim com aquilo.
Katiana: Não, tá, eu procuro tiro e tiro xerox em cima.
Funcionário: Isso, você tira o pontilhado que a parte do meio é o que te interessa.
Katiana: Tá.
Funcionário: A parte de cima você desconsidera tá bom?
Katiana: Tá, tá.
Funcionário: Sabe por quê? Isso é extremamente confidencial.
Katiana: Tá, não, tudo bem, eu tiro e tiro essa parte e tiro xerox.
Funcionário: Tá, eu tô mandando três em uma única folha, vê se você separa eles pra mim, tá bom?
OPERAÇÃO
A Operação Voucher, deflagrada no último dia 9 pela Polícia Federal, investiga um suposto esquema de desvios relacionados a convênio firmado entre a ONG Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável) e o Ministério do Turismo para capacitação profissional no Amapá.
Ao todo, 36 pessoas foram presas na operação em Brasília, São Paulo e no Amapá, incluindo o atual secretário-executivo do ministério, Frederico Silva da Costa, que está na pasta desde 2003.
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