Delegado promete solucionar crime contra prefeito para obter reajuste
Diante da greve dos investigadores e escrivães da Polícia Civil, o delegado de Porto Alegre do Norte, Ronan Gomes Vilar, um dos responsáveis pelas investigações do assassinato do prefeito de Novo Santo Antônio, Valdenir Antônio da Silva, o Quatro Olhos (PMDB), precisou apelar para convencer alguns agentes a atuarem no caso. O argumento utilizado por ele foi o fato do governador Silval Barbosa (PMDB) ser filiado ao mesmo partido do gestor. "Eu disse a eles (policiais) para solucionarmos o caso de um membro do PMDB e, assim, podermos embasar o pedido de aumento salarial ao governador", afirmou.
Vilar alega que precisou argumentar dessa forma, porque os grevistas teriam criticado a postura dos agentes que se dispuseram a participar das investigações. O delegado fez questão de ressaltar que os investigadores que trabalharam no caso só aceitaram o convite pela amizade. "Foi um pedido meu, que eles atuassem para que pudessemos chegar logo a uma solução", ressalta.
A "tática" utilizada pelo delegado para defender os policiais que sofriam retaliações dos colegas, no entanto, foi alvo de críticas do deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM). Acontece que o prefeito de Nova Canaã do Norte, Antônio Luiz Cezar de Castro, o Luizão, assassinado alguns dias após a morte de Quatro Olhos em situação semelhante, era filiado ao DEM. "Eu nem consigo acreditar que um delegado tenha dito uma coisa dessas. Quer dizer que vai privilegiar um caso só porque é do lado do governador?", reclamou.
Para Dilmar, o epsódio pode até mesmo prejudicar as reivindicações da categoria. Quem também criticou a postura do delegado foi Percival Muniz (PPS). "Eu acho isso um absurdo. Não acredito que o governador vá negociar dessa forma. Se ele for cuidar apenas os casos ligados ao PMDB como é que fica?", questiona.
Os policiais civis estão em greve desde 1º de julho. Eles reivindicam um salário inicial de R$ 5,5 mil, que seria equivalente ao pago a profissionais de ensino superior. O argumento do sindicato é que a escolaridade é exigida nos concursos, mas a remuneração não é paga. Hoje escrivães e investigadores recebem R$ 2,3 mil por mês.
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