José Dirceu critica "exagero" da PF e uso de algemas
"Não sou contra e não poderia ser, como cidadão, que a Polícia Federal investigue. Sou contra prisões desnecessárias, o uso ilegal de algemas, a exposição desnecessária, o pré-julgamento e o linchamento, até porque fui vítima disso, não que se combata a corrupção", disse ele.
Demitido na primeira gestão Lula por envolvimento no mensalão do PT, o ex-ministro da Casa Civil foi denunciado e será julgado no STF (Supremo Tribunal Federal) sob acusação de ser um dos articuladores do esquema de pagamento de políticos aliados do governo.
Foi por conta dessa investigação, em 2005, que Dirceu diz ter sido "vítima".
"Não podemos tolerar o abuso de autoridade ou a violação de direitos e garantias individuais", disse Dirceu.
"A PF está cumprindo seu papel e deve cumprir. Mas não podemos fazer uso político. Depois se comprova que é inocente e como é que vai ficar? Se amanhã se comprova, ao final do inquérito, que vários desses que foram presos nem vão ser denunciados, como eles ficam?"
Dirceu disse não acreditar em instabilidade política no governo por conta da queda dos ministros ainda no começo da gestão da presidente Dilma Rousseff.
Segundo ele, o governo continua funcionando e as coisas não podem ser misturadas.
"Tem problemas, teve problemas no Ministério dos Transportes, o ministro Antônio Palocci [Casa Civil] teve que sair do governo. Isso é fato. Há denúncias de convênios que são investigados. Agora, o que não pode é transformar isso numa crise política, [dizer] que o país vai parar, que o governo vai perder maioria, porque não condiz com a realidade."
Segundo ele, quando há problemas na base de apoio do governo, é preciso "sentar, discutir e resolver".
Disse que isso deve ser feito pelos ministros "responsáveis pela situação política". Dirceu disse que as divergências no governo ocorrem por "políticas determinadas que podem ser resolvidas", o que não é motivo de preocupação.
"Agora, se quiser resolver o problema mais geral, tem que fazer a reforma administrativa e política. Não pode todo mundo gritar contra uma série de problemas que existe na administração pública e, quando chega a hora de votar na Câmara, não faz financiamento público, não muda o sistema eleitoral, não apoia a fidelidade partidária, não muda o sistema de nomeação, não fortalece o serviço público com concurso e planos de cargos e carreira", disse.
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