O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), desembargador Nelson Calandra, se reúne neste sábado com a chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, e com o delegado Felipe Ettore, na Delegacia de Homicídios (DH) para debater as atitudes a serem tomadas após a execução da juíza Patrícia Acioli. Calandra apontou a burocracia enfrentada para obter a condenação de criminosos no País como a principal razão para o crime.
"A magistratura está de luto. Estou aqui para prestar solidariedade aos 15 mil juízes deste País. Ela foi vítima do sistema processual, onde sua excelência é o réu. Muitas vezes responsáveis por crimes de morte saem pela porta da frente dos julgamentos junto com a família da vítima por causa da burocracia do sistema. Às vezes, um acusado só vai cumprir pena após 11 anos, esgotando todos os suspiros recursais", desabafou o magistrado.
Até o momento, 18 pessoas foram ouvidas no inquérito sobre o primeiro caso de execução de um juiz da história do Estado do Rio. Companheiro de Patrícia, o policial militar Marcelo Poubel, prestou depoimento durante mais de seis horas na Delegacia de Homicídios na última sexta-feira. Cerca de 20 policiais civis estão nas ruas procurando pistas dos assassinos da magistrada.
Prisões de policiais
Em setembro de 2010, a juíza determinou a prisão de quatro PMs de Niterói e São Gonçalo acusados de integrar um grupo de extermínio. Em janeiro deste ano, ela decretou a prisão de seis policiais acusados de forjar autos de resistência (morte em confronto com a polícia).
Em 2008, a juíza decretou a prisão preventiva do ex-vereador Edson da Silva Mota, o Mota da Copasa, e os filhos, André de Abreu Mota e Edson de Abreu Mota, suspeitos de integrarem a máfia das vans em São Gonçalo. Eles recorrem ao processo em liberdade.
Na última terça-feira, ela condenou o oficial da PM Carlos Henrique Figueiredo Pereira a um ano e quatro meses de detenção, em regime aberto, pela morte do jovem Oldemar Pablo Escola Faria, 17 anos, ocorrida em setembro de 2008. Um dia antes de ser assassinada, ela decretou a prisão preventiva de dois policiais do 7º BPM (Alcântara), Carlos Adílio Maciel e Sammy dos Santos Quintanilha, acusados de forjar um auto de resistência no dia 5 de junho.
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