Na rua onde morava a juíza Patrícia Acioli, em Piratininga, região oceânica de Niterói (RJ), testemunhas detalham o roteiro da noite de quarta-feira, em que a magistrada foi executada com 21 tiros. O crime teria sido cometido por dois homens em uma única moto. As testemunhas contam que eles não tiveram pressa para deixar o local.
De acordo com relatos, a dupla utilizava roupas escuras, capacete e uma moto Twister preta. Eles teriam se escondido atrás de uma Kombi abandonada próximo à casa de Patrícia para surpreendê-la quando chegasse em casa. Após os disparos, o criminoso mais alto e forte teria subido na moto para manobrar, enquanto o outro, voltado para efetuar mais dois tiros.
"Eles não saíram correndo. Logo depois chegou o filho dela, que viu a moto saindo. Na hora tinha um carro passando, e as pessoas acharam que tivesse relação", conta uma testemunha. "Já conversei com pelo menos três pessoas, e todos contam a mesma história."
Segundo o jornalista Humberto Nascimento, primo de Patrícia, a família suspeita que o crime tenha sido cometido por pessoas que ainda seriam julgadas pela magistrada. Apesar dos relatos, as informações oficiais sobre o crime continuam desencontradas. Presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, o desembargador Nelson Calandra chegou a afirmar que 12 pessoas estariam envolvidas no assassinato. Depois, explicou que era apenas uma suposição. "Esse é o número que eu ouvi falar. Mas o que sabemos é que foram pelo menos duas pessoas."
Até a noite de sábado, 18 pessoas foram ouvidas pelos investigadores, entre eles o ex-companheiro de Patrícia, o PM Marcelo Poubel. Pelo menos 20 agentes trabalham em busca de pistas dos assassinos.
Juíza estava em "lista negra" de criminosos
A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi assassinada a tiros dentro de seu carro, por volta das 23h30 do dia 11 de agosto, na porta de sua residência em Piratininga, Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros. Foram disparados mais de 20 tiros de pistolas calibres 40 e 45, sendo oito diretamente no vidro do motorista.
Patrícia, 47 anos, foi a responsável pela prisão de quatro cabos da PM e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio de São Gonçalo. Ela estava em uma "lista negra" com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro de 2011 em Guarapari (ES) e considerado o chefe da quadrilha. Familiares relataram que Patrícia já havia sofrido ameaças e teve seu carro metralhado quando era defensora pública.
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