Dnit aprovou aditivo de R$ 31 mi para projeto "inconsistente"
O ato aumentou em 23% o valor do anel viário de Maringá (norte do PR), cuja construtora é a Sanches Tripoloni --alvo de investigações do TCU (Tribunal de Contas da União) e doadora de campanha para aliados do governo.
A empresa também venceu a licitação para construir a segunda parte do contorno.
Em julho, a Folha mostrou que a obra, investigada pelo TCU, é criticada por técnicos, que questionam sua eficiência. Seu término estava previsto para 2010, mas ela continua inacabada.
O parecer do Dnit, assinado por 12 técnicos, aponta dezenas de falhas e inconsistências no projeto e na execução do contorno.
Entre os problemas, estão a contratação de fornecedores distantes até 400 km do local da obra, a opção por determinadas soluções técnicas que implicaram em aumento nos gastos. Além disso, foi considerada virtual devido à ausência de projeto de desapropriação, a falta de estudos de tráfego consistentes .
O parecer, de março de 2010, aponta ainda a falta de justificativas técnicas para a mudança do projeto e o "aumento exorbitante" da terraplenagem (que custou 72% a mais do que o previsto).
Três meses depois do parecer, porém, o então diretor de infraestrutura rodoviária, Hideraldo Caron --indicado do PT e que foi exonerado do órgão no mês passado-- decidiu aprovar o aditivo, sob a justificativa de que era "uma ação imprescindível para a conclusão das obras".
O TCU analisa a possibilidade de paralisação do anel viário --até agora, o tribunal apenas suspendeu o pagamento de R$ 2,5 milhões.
Procurada, a nova diretoria do Dnit informou que não iria se manifestar por ora.
Já a Sanches Tripoloni informou que o aditivo de R$ 31 milhões foi solicitado por "serviços adicionais que não estavam previstos no projeto original". A empresa afirmou que foi preciso "readequar" algumas quantidades previstas em projeto, como no caso da terraplenagem, e disse que a obra está em conformidade com o contrato.
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