Empresas brasileiras seguram investimentos no exterior, diz Ipea
As empresas brasileiras estão segurando os investimentos no exterior e passaram a repatriar cada vez mais capital.
A constatação está em estudo do Ipea, baseado em dados do BC, que verificou que as remessas de filiais brasileiras em outros países para a matriz aumentaram significativamente na primeira metade deste ano.
De janeiro a junho, os empréstimos de filiais brasileiras às matrizes subiram 155%, chegando a US$ 4 bilhões. Já as amortizações das filiais referentes a supostos empréstimos feitos pela matriz aumentaram 179% no período, totalizando US$ 14 bilhões.
Para Roberto Messenberg, economista do Ipea, o investimento brasileiro no exterior está sendo desmobilizado pela maior atratividade do Brasil para o paradeiro do capital. Ele explicou que a repatriação de recursos não implica, necessariamente, em investimentos para o país.
"Há indícios de que esse capital está entrando disfarçado de investimento, mas na verdade, é investimento em carteira. Dados indicam que não há variação significativa na taxa de investimento do país", afirmou.
Diante do cenário conturbado na economia mundial, o Ipea mostra preocupação com a desaceleração do investimento público nos últimos meses. No fim do ano passado, o investimento feito pelas administrações públicas representou 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto). Em junho, significava 2,5%, segundo levantamento da instituição.
Esse investimento público não leva em conta investimentos de estatais como a Petrobras e de bancos públicos como Caixa e BB.
Diante das incertezas com a conjuntura econômica, a perspectiva é que o investimento privado fique cada vez mais tímido nos próximos meses. Se a tendência do investimento público prosseguir dessa forma, Messenberg teme que a economia brasileira, fortemente influenciada pelo investimento público nos últimos anos, sofra um baque maior com a crise.
"No governo FHC, o investimento público subiu 7,4%. Já na era Lula, o avanço foi de 22,3%. Isso mostra que o incremento econômico também esteve atrelado ao investimento dos governos", observou o economista.
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