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Economia
Sexta - 19 de Agosto de 2011 às 13:08

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Estimativas feitas pela área de pesquisa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) indicam que deste ano até 2014 aumentará a concentração dos investimentos no setor primário e, dentro da indústria, na área de petróleo e gás.

Segundo as projeções, as manufaturas perderão espaço em relação ao período de 2006 a 2009, ficando com 13,7% dos investimentos. A participação da produção petrolífera passará de 9,9% para 11,1% e a de agricultura, comércio e serviços, de 36,2% para 41,7%.

Dos R$ 611 bilhões de investimentos esperados em sete setores-chave da indústria, o de petróleo e gás deve ficar com quase 62% e a mineração com 10%. Siderurgia, química, veículos, eletroeletrônica e papel e celulose dividirão o restante.

"O Brasil vai primarizar cada vez mais, e isso não é necessariamente ruim. A tecnologia para a produção de petróleo é altíssima, para a produção de papel idem", disse o economista Ernani Torres, professor da UFRJ e ex-superintendente de Pesquisa do BNDES.

Torres mostrou os números em debate do Centro Internacional Celso Furtado que, na quarta-feira (18), discutiu desafios que o aumento do preço das commodities impõem ao Brasil e à América Latina.

Ele defendeu que não há uma relação necessária entre esse boom e a desindustrialização. Mas disse que é preciso conter a valorização do câmbio e seu impacto sobre as importações, que crescem enquanto a produção industrial está estagnada.

Para isso, os juros têm que cair. "Como fazer isso é tema de debate. Acho que a gente montou um bicho nos anos de inflação que ainda não tivemos cacife político para desmontar."

Professor da Universidade de Cambridge (Reino Unido), o chileno Gabriel Palma desenhou um cenário pessimista, afirmando que a alta das commodities hoje 42% das exportações brasileiras é em grande parte baseada na especulação.

"Os outros ativos são tão arriscados que as matérias-primas têm preferência. No momento em que EUA, Europa e Japão conseguirem pôr sua casa em ordem, a entrada de capitais aqui pode se transformar em saída."

Especialista no estudo comparado de América Latina e Ásia, Palma disse considerar difícil manter uma manufatura voltada para o mercado interno com a volatilidade da taxa de câmbio associada às economias exportadoras primárias.

"Todos os países que se industrializaram de forma sustentável têm um setor manufatureiro exportador importante."

Ele sugeriu que o Brasil desenvolva o nicho de processamento de matérias-primas. "O fato de que os chineses queiram importar ferro e não aço é uma realidade. Mas o Brasil, tão importante nesse mercado, é que deveria impor as condições."

Palma previu uma "inundação" de dólares dos fundos de pensão americanos, que estão sendo aconselhados a investir 50% da carteira de US$ 20 trilhões em países emergentes. Disse que o Brasil deveria impor controles de capital "de verdade", e não "virtuais".

"Nossos países têm que se defender. O básico é entender que a política macroeconômica que se faz na Ásia é voltada para dentro, não é reativa a fatores externos como a nossa." 






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