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Economia
Domingo - 21 de Agosto de 2011 às 16:14

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Os muito muito ricos escapam dos critérios de classificação de renda usados por institutos de pesquisa.

Para suprir essa carência, publicitários, marqueteiros e pesquisadores inventaram uma nova categoria, bem acima da tradicional classificação de classes A, B, C, D e E: a classe A gargalhada.

A alcunha não vem da máxima de que rico ri à toa. É onomatopeico: AAA.

Classe C eleva lucro de banco, mas toma empréstimo em loja

E, por ser informal, a definição da renda dos "triple A", para usar o jargão do mercado financeiro, depende do interlocutor.

Para Antonio Fadiga, sócio da agência Fischer & Friends, a classe AAA tem pelo menos dois carros importados na garagem, casa na praia ou no campo e renda individual acima de R$ 50 mil.

"Hoje você fala em classe A e pensa no cara que tem carro zero na garagem, viaja para o exterior, tem filho na faculdade e um negócio", diz Fadiga.

"Mas e se o carro é um 1.0, a viagem foi de pacote para o Paraguai, a faculdade custa R$ 400 e o negócio é um mercadinho? Aí você está falando do "seu" Tião."

Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular, a A gargalhada tem um caráter emergente: bolso de classe A e cabeça de classe C.

"É o sujeito que tinha um mercadinho e hoje tem uma rede de supermercado. Gosta de cores primárias, Ferrari amarela. São essas pessoas que movem hoje o mercado de luxo."

CRITÉRIO BRASIL

"A A gargalhada está tão distante do resto da sociedade que nem entra nos critérios existentes de pesquisa", diz a publicitária Cristina Freire, consultora de planejamento estratégico.

Pelo chamado Critério Brasil (CB), definido pela Abep (Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa), o topo da pirâmide, a classe A1, tem renda familiar superior a R$ 11,48 mil. Mais ou menos o preço de um relógio Cartier ou de um terninho Armani.

O CB define as classes com base na posse de bens, quantidade de banheiros, escolaridade do chefe de família e se tem empregada mensalista ou não.

Hoje, porém, 68% dos jovens da classe C estudaram mais do que os pais. E ter computador e celular (itens não incluídos no CB) hoje diz mais sobre o consumidor do que a posse de um rádio.

"A proliferação do crédito acabou com o Critério Brasil", diz Meirelles. "O critério é uma pesquisa séria. Mas, como todo critério, é arbitrário."

Ainda que defasado, o CB continua sendo a principal referência para anunciantes e publicitários definirem a compra de mídia (espaço publicitário).

A Folha procurou a Abep, que não quis dar entrevista. Meirelles defende o estabelecimento de outro critério, diferente também do critério de renda familiar do IBGE, para dar conta das mudanças socioeconômicas que estão ocorrendo no país: a renda per capita familiar.

"A renda familiar não distingue uma família de duas pessoas de uma de seis pessoas", diz Meirelles, que está contribuindo para o desenvolvimento de um novo critério de classificação socioeconômica para a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. 
 






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