Proteção não garante futuro da indústria, diz BNDES

"Existe um período difícil de concorrência acirrada, com a taxa de câmbio que não está ajudando, e transitoriamente medidas de natureza mais defensiva têm pertinência. Mas elas não são portadoras do futuro. O que é portador do futuro é um grande processo de inovação e de transformação que precisa ser empreendido. É um grande desafio para a estrutura empresarial brasileira", disse Coutinho.

O presidente do BNDES falou nesta segunda-feira (22) à Folha no velório do economista Antonio Barros de Castro, que morreu no Rio no domingo (21) aos 73 anos, quando uma laje desabou no anexo do escritório de sua casa, no Humaitá (zona sul).

Castro foi presidente do BNDES por um ano, durante o governo Itamar Franco (1992-1994). Também foi diretor do banco no início do governo Lula e assessor de Coutinho na presidência da instituição de 2007 a 2009.

Em seus últimos artigos e entrevistas, ele afirmava que a indústria brasileira precisa encontrar nichos originais para sobreviver em uma economia internacional modificada pela ascensão da China.

Segundo Coutinho, Barros de Castro desenvolveu cenários para o planejamento de longo prazo do BNDES. "Ele foi um dos grandes motivadores das novas políticas de inovação. O ProSoft [estímulo à informática] e o ProFarma [à indústria farmacêutica] também têm um pouco o dedo do professor Barros de Castro."

Para o presidente do BNDES, é preciso mudar a estrutura manufatureira do Brasil.

"Temos ameaças, mas também temos muitas oportunidades. Precisamos alavancar a transformação através delas. Um exemplo é a grande cadeia para petróleo e gás; outro, com o avanço dos investimentos em infraestrutura, é a cadeia de máquinas para construção, outro ainda é a cadeia de máquinas para a agricultura."