Secretário diz que rigor da lei na Sema desagradou políticos e empresários em MT
Maia afirma que recebeu pressão para violar normas
Ao anunciar sua saída da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), na tarde desta segunda-feira (22), o coronel PM Alexander Maia revelou que recebeu "pressões políticas e empresariais" para violar normas ambientais.
Isso, segundo ele, gerou descontentamentos e culminou na entrega do cargo ao governador Silval Barbosa (PMDB), que acatou o pedido de imediato.
A revelação foi feita durante uma entrevista coletiva à imprensa. Porém, nenhum político ou empresário foi citado nominalmente.
"Vivemos em um estado democrático de Direito e não um estado democrático de vontades. A minha preocupação foi sempre de agir dentro daquilo que a legislação prevê. Isso gera descontentamento e desgaste. Se, por ventura, o desgaste ao Governo é provocado por minha presença ou pela forma austera do nosso posicionamento, prefiro sair. Fui leal ao governador Silval Barbosa e coloquei o cargo à disposição", disse.
Diante da pressão recebida, Maia avaliou que seria melhor sair da Sema.
"Fizemos uma avaliação de que seria oportuna uma reoxigenação. Existe uma tensão política instaurada e não quero criar problemas, ou trazer descontentamento ao governador, que tem todo meu respeito e admiração", afirmou.
Maia ressaltou que seu perfil administrativo, de colocar rigor nos trabalhos ambientais, provocou uma crise que já ameaçava a unidade em torno da gestão estadual.
"Colocamos para o governador Silval Barbosa que vimos um desgaste político muito forte, em razão dos nossos posicionamentos. Todos baseados na legislação e que não traduzem posições pessoais ou vontade própria. A maior preocupação sempre foi de agir apenas e tão-somente de acordo com a lei", observou.
O descontentamento de medidas administrativas da Sema aplicadas ao rigor da lei não foi um caso individual, segundo ele.
"Não foi um dos casos onde alguém se sentiu prejudicado, foram vários. à luz da legislação de que rege a política ambiental do Estado, fomos obrigados a dizer não várias vezes e orientar a necessidade de refazer projetos. Toda vez que você precisa dizer não, a outra parte nem sempre se entende que é necessário", disse Maia.
Sem interferência
A crise de relacionamento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) com deputados estaduais começou com a criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que decidiu investigar a liberação para Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH"s).
Logo depois, parlamentares estenderam a investigação para todas as usinas hidrelétricas de Mato Grosso.
No entanto, Maia não acredita que os trabalhos da CPI tenha influenciado negativamente seu trabalho à frente da Sema.
"Na democracia, está assegurada a criação de CPIs. Fico muito satisfeito que, depois de seis meses, das muitas análises de documentos, não tenho conhecimento de nenhum fato que venha desabonar minha conduta ou da nossa secretaria ou qualquer servidor que aqui esteja. Foram pouquíssimas as PChs liberadas no período que estive aqui. Temos um procedimento seguro", completou.
À disposição
Maia afirmou ainda que seu desligamento da Sema não significa a saída definitiva dos quadros do Estado. "Posso ser aproveitado em outro setor. Estou à disposição do Estado para trabalhar. Estou aqui para ajudar", disse.
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