A Polícia Civil de São Félix do Araguaia, a 1.159 quilômetros de Cuiabá, já sabe o que provocou a morte de um bebê encontrado dentro de uma caixa de papelão em uma área de mata, na Vila São Sebastião, distante a 30 quilômetros do município. O exame da necropsia concluiu que a morte do recém-nascido, do sexo feminino, deu-se em consequência de traumatismo craniano. O bebê foi encontrado a aproximadamente 100 metros da residência da mãe, presa em flagrante no último dia 14.
Segundo o delegado Wilyney Santana Borges, responsável pelo inquérito que investiga o caso, o exame contesta a versão apresentada na época, pela mãe, que o bebê teria nascido morto. "O laudo atestou que a criança nasceu viva e saudável e apresentava 54 centímetros de comprimento, pesando 3,5 quilos. A mãe vai responder pelo crime de homicídio qualificado, pela utilização de meio cruel", declarou o delegado, em entrevista ao G1.
A mulher, de 23 anos, investigada por suspeita de envolvimento na morte, continua presa na Cadeia de São Félix do Araguaia, já que a prisão foi convertida de provisória para preventiva. O delegado afirma que a partir do exame de necropsia não há dúvidas quanto às responsabilidades do episódio.
"A autoria e a materialidade do fato estão comprovadas. Ela já era mãe de duas crianças e tinha consciência de como é o sintoma da gravidez. Ela não tinha vontade de ter a criança. No mínimo, foi negligente em ter o bebê naquele local", contextualizou o delegado. A mãe justifica que o bebê já nasceu morto e que o trauma na cabeça foi provocado em virtude de uma queda, no momento em que ela colocava a filha dentro da caixa de papelão.
O inquérito do caso foi concluído e nesta terça-feira (23) será entregue pela Polícia Civil do município para o Ministério Público Estadual da comarca. O prazo era de 10 dias, já que a prisão da mãe ocorreu na condição de flagrante. O envolvimento de outras pessoas no episódio também é investigado.
Ocultação
A Polícia Civil já identificou a pessoa que ainda no sábado (14) à tarde enterrou o corpo da recém-nascida. De acordo com Wilyney Santana Borges, trata-se de um homem de 29 anos, que confirmou autoria do fato e deve responder pelo crime de ocultação de cadáver. "Ele não foi preso em flagrante mas será indiciado por ocultação. Fala que enterrou a criança porque teriam aves querendo comer o corpo da criança. Depois de duas ou três horas que enterrou o corpo, ele se arrependeu e, segundo ele, resolveu ir até o local e desenterrar", pontuou o delegado.
O suspeito, de acordo com o delegado, era conhecido da mãe da criança e morava em uma residência nos fundos da casa ocupada pela jovem. Um novo inquérito será instaurado para tratar das investigações relacionadas à ocultação. Ele deve ser concluído em até 30 dias.
"Ele [suspeito] a princípio vai responder ao processo em liberdade. Será feito um inquérito para apurar as responsabilidades. Ele nega que tenha tenha enterrado a criança a pedido da mãe", afirmou ainda o delegado, em entrevista ao G1.
Característica
O bebê encontrado morto apresentava sinais de violência física. O laudo necropsial revelou ainda que o ferimento encontrado na região frontal da cabeça apresentava em torno de dois centímetros e forma irregular.
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