"Economistas precisam de humildade", diz secretário da Fazenda
"É preciso que haja uma declaração de humildade por partes dos economistas. Nossa capacidade de projeção está muito limitada neste momento", disse o secretário que também é professor da FGV (Fundação Getulio Vargas).
"Nenhuma previsão vale nenhum centavo. Estamos em um mundo de muita anormalidade", disse ele, explicando que padrões utilizados antes de 2008 para fazer previsões econômicas que surgiram antes da crise daquele ano já não servem mais para se analisar as perspectivas futuras. "O mundo nos ensinou a repensar modelos econômicos e econométricos."
A declaração, feita logo no início de sua apresentação durante o 5º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, promovido pela BM&FBovespa em Campos do Jordão (SP), veio logo após a apresentação de Ilan Goldfajn, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central e economista-chefe do Itaú Unibanco, que fez previsões mais pemissistas para a economia global e afirmou que o Brasil caminha para um crescimento inferior a 3,6% neste ano com os desdobramentos da crise internacional.
O secretário da Fazenda disse que, entre os erros cometidos pelos seus equivalentes no mundo desenvolvido, constava a insistência em taxas de juros baixas por longos períodos de tempo e a não regulamentação e supervisão eficiente dos sistemas financeiros internacionais.
"As autoridades econômicas dos países desenvolvidos se tornaram loucas", disse ele em tom enfático em frente a uma plateia repleta de economistas, analistas e operadores de mercado no final da manhã.
"Estamos pagando um preço caro por isso", afirmou ao explicar que as consequências da crise que teve sua origem nos sistemas financeiro e bancário em 2008 têm efeitos cada vez maiores na economia real de diferentes partes do mundo. Brito ressalta que começa a ficar claro que a data de validade da crise deve ir até 2013 ou 2014.
E ainda que o Brasil não tenha sido tão fortemente afetado pelos abalos econômicos como outras economias, o mesmo é válido para o país que, segundo Holland de Brito, está em condições econômicas muito melhores do que se reconhecia antes. "[No Brasil] estamos com taxas de desemprego baixissímas, fica dificil conseguir previsões usando os modelos antigos."
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