As afirmações são do superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari. “As indústrias estão tentando compra o boi mais barato”. Em análise aos dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que mede os impactos causados pela concentração das plantas frigoríficas na pecuária mato-grossense, ele avalia que a oferta de animais para abate não justificaria os preços praticados atualmente e que o varejo é o responsável por não repassar as reduções para o consumidor final.
De acordo com ele, a escala de abates diminuiu juntamente com o preço, de 8,9 dias para 7,3 dias. “Isso quer dizer que pela escassez do boi no pasto os preços deveriam aumentar, o que não ocorreu”. Ele explica ainda que os embarques nas exportações de carne bovina para a Rússia foram encaminhados para outros países ou absorvidos pelo mercado interno. “Estamos na entressafra. Os preços deveriam estar menores”, enfatiza.
A pesquisa ainda mostra que 40% da capacidade do abate está comprometida já que das 40 unidades instaladas no estado apenas 24 estão em funcionamento. “Isso reflete no domínio das poucas unidades que sobraram nas mãos de alguns grupos frigoríficos”. O nordeste mato-grossense é a região que mais está sendo prejudicada. Das sete unidades existentes, quatro não estão funcionando.
O vice-presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), Paulo Belincanta, admite a concentração dos frigoríficos. “Queremos buscar junto ao governo linhas de financiamentos que beneficiem também os pequenos produtores para que o número de empresas aumente”. Em relação a queda no preço da arroba ele preferiu não comentar porque não teve acesso ao levantamento.
Sobre o consumidor, Vacari ressalta que o varejo não repassa as reduções de preços. O levantamento também mostra que, desde 2005, o preço da arroba teve aumento de 76,52%, sendo o menor incremento observado na cadeia da carne de Mato Grosso. No atacado, a alta foi de 85,12% enquanto que no varejo chegou a 125,32% nos últimos seis anos.
O motorista Celso Dourado comenta que as carnes deverias ser mais baratas no estado justamente porque a produção é regional. “O frete é que encarece o produto. Não temos esse problema, considerando que somos o maior produtor de gado do país”. O gerente de um supermercado de Cuiabá, André Luiz da Fonsenca, se defende e diz que os altos valores são repassados pelos frigoríficos. “Para conseguir vender mais barato temos que diminuir muito o nosso lucro”.
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