Para geneticista, Brasil deveria investir em "zoológico de genes"
O Brasil deveria investir mais no mapeamento genético de suas espécies selvagens endêmicas (só existem no território nacional) ameaçadas de extinção. E deveria construir um "zoológico de genes" único desses animais.
A opinião é de Oliver Ryder, diretor de genética do Instituto de Pesquisa em Conservação do Zoológico de San Diego, EUA. Ele coordena o Frozen Zoo (Zoológico Congelado), uma espécie de "Arca de Noé" que desde 1976 guarda DNA, esperma, ovos e embriões de diversas espécies a baixas temperaturas na tentativa de preservar seu material genético.
A ideia é que esse arquivo possa ajudar o pesquisador do futuro que queira estudar espécies extintas ou que pretendem compreender a evolução ao longo dos anos.
PRESERVAÇÃO
O genoma de bichos selvagens, destaca Ryder, pode ajudar a entender a saúde desses animais, a monitorar e manejar as populações e a compreender os genes envolvidos na sua evolução. "Isso pode contribuir para formular políticas públicas de preservação", diz.
Hoje, o banco do Frozen Zoo já conta com material de cerca de 800 espécies e subespécies de todo o mundo, desde condores até bantengs -- parentes asiáticos raros do gado comum.
De acordo com Ryder, o Brasil deveria preservar dados genéticos de animais como a sua ararinha-azul. "Se esses animais forem extintos, suas informações genéticas estarão perdidas para sempre."
REINTRODUÇÃO
O Frozen Zoo tem trabalhado há alguns anos na produção de clones de animais ameaçados de extinção. Mas o grande sonho de Ryder é a reintrodução do mamute na natureza, animal extinto há cerca de 12 mil anos.
O cientista conta com material genético do mamute no banco de dados do Frozen Zoo. As informações foram extraídas de fósseis. "Não sabemos quando vamos conseguir reintroduzi-los. Mas conseguiremos", diz.
Ryder é um dos conferencistas internacionais que estão participando do 57º congresso da SBG (Sociedade Brasileira de Genética), que acontece em Águas de Lindoia.
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