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Polícia
Sexta - 02 de Setembro de 2011 às 19:05
Por: Dhiego Maia

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Leandra Ribeiro/G1
Investigadores e escrivães reunidos em assembleia para decidir rumos da greve.
Investigadores e escrivães reunidos em assembleia para decidir rumos da greve.

Na avaliação dos representantes dos escrivães e investigadores da Polícia Civil de Mato Grosso, em greve há 63 dias, as medidas tomadas pelo governo do estado no final da manhã desta sexta-feira (02) para forçar o encerramento do movimento grevista já eram esperadas e, apesar das sanções previstas, a greve deve continuar. Desde esta sexta-feira, os profissionais paralisaram todos os procedimentos policiais de forma geral e irrestrita.

Para o presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil do estado, Clédison Gonçalves da Silva, o direito à greve precisa ser respeitado. “[O governo] tem que manter o diálogo, tem que respeitar nossos direitos. Ameça não é o caminho correto”, revelou o representante.

O governador do estado, Silval Barbosa, exigiu que as categorias voltem ao trabalho nas próximas 24 horas. O prazo se encerra no final da manhã deste sábado (03). Outra determinação do governo é que os investigadores grevistas entreguem as armas. “Nós não vamos entregar nenhuma arma enquanto estivermos em greve”, disse o sindicalista.

Já para a representante dos escrivães, Genima da Silva Evangelista, a categoria já passa por sanções advindas do governo. “Nosso salário do mês de agosto já veio reduzido por conta de a greve ter sido considerada ilegal pela Justiça”, apontou.

Para Evangelista, o governo agiu de forma errônea ao colocar os alunos do curso de formação para substituir os grevistas. “O governador convocou todos os alunos para que assumam o plantão. Muitos deles ainda não estão formados, não tem preparo. Imagina esse pessoal na função que tem muitos riscos envolvidos?”, questionou.

Ainda segundo a representante dos escrivães, a categoria vai se reunir na próxima segunda-feira (05) para decidir os rumos da greve.

Reivindicação
Na última terça-feira (30), o governo de Mato Grosso condicionou a apresentação de uma nova proposta aos escrivães e investigadores à suspensão da greve da categoria. Pela proposta, os policiais receberiam R$ 3.900 até o fim de 2014, a partir de um reajuste progressivo anual que começaria em 2011. Investigadores e escrivães buscam aumentar os salários dos atuais R$ 2.365 para cerca de R$ 6 mil iniciais, mesmo valor pago aos peritos criminais do estado.

Medidas do governo

Silval Barbosa  (Foto: Secom-MT)Governador Silval Barbosa durante anúncio das
medidas para conter a greve (Foto: Secom-MT)

O pacote de medidas do governo para barrar a continuidade da greve inclui o retorno imediato dos profissionais pelas próximas 24 horas. Caso o retorno não aconteça, o governador decidiu cortar em 100% os salários dos grevistas e, ainda, abrir procedimentos administrativos e disciplinares contra aqueles que descumprirem a determinação.

O governador autorizou ainda que a Polícia Militar realize todos os procedimentos policiais que são de responsabilidade da Polícia Civil, durante o período de greve, como registro de boletins de ocorrências e condução de presos.

O chefe do Executivo também requereu que os grevistas entreguem as armas e que os veículos da Polícia Civil sejam recolhidos dos pátios das delegacias. O governador ameaçou retirar toda a proposta salarial já negociada entre governo e os grevistas até o momento, reajustando os salários dos investigadores e escrivães apenas com base na perda da inflação.

Esquema especial
Ao G1, as assessorias de imprensa das secretarias de Administração e Segurança Pública informaram que estão sendo colocados à disposição para o trabalho nas delegacias do estado, 423 alunos da Academia da Polícia Civil. O problema é que parte desses alunos está em treinamento sub júdice e, portanto, devem estar de fora da convocação.

Os alunos com mais tempo no curso estão nas salas de aula desde o dia 22 de junho, o que significa que eles cumpriram metade dos cinco meses necessários para a formação. Nas delegacias de polícia, eles devem trabalhar sob a supervisão do delegado de plantão.

Já em relação ao corte de pontos dos salários dos grevistas, a SAD confirmou que no último pagamento efetuado no dia 31 de agosto houve cortes de pontos dos grevistas a partir das listas com nomes de servidores enviadas pela secretaria de Segurança. A assessoria do órgão informou que o corte de ponto é uma obrigação desde que a greve foi considerada ilegal pela Justiça.

Raio-X da greve
Em todo estado são 1.750 investigadores e 380 escrivães. As categorias estão paradas desde o dia 13 de julho. Na grande Cuiabá, as atividades estão paralisadas em mais de 30 unidades policiais.  Inquéritos e trabalhos investigativos estão parados. Há dificuldade até com serviços essenciais como registro de boletins de ocorrência. Nesta sexta-feira, o Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc), do bairro Planalto, que concentra todas as ocorrências da capital, registrou apenas quatro boletins de ocorrências.





Fonte: Do G1 MT

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