Registradas entre quinta-feira (1º) e esta sexta-feira, as reproduções de satélite mostram vários focos na fronteira da Bolívia com Mato Grosso e Rondônia, destacando a fumaça na direção do Acre, cuja capital ficou encoberta por uma densa névoa nesta semana.
Segundo Alberto Setzer, pesquisador do Inpe responsável pelo monitoramento de queimadas por satélites, a situação em solo boliviano é crítica e não há o mesmo controle de incêndios existente no Brasil, feito pelo Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). Entre 1º de agosto e 2 de setembro, o país vizinho registrou 6.545 focos de calor.
A fumaça atinge o Brasil, principalmente o Acre, que convive com uma grande camada de névoa que atingiu suas principais cidades nos últimos dias.
“Já fizemos um encontro com o Ministério Público boliviano para tentar coibir naquele país a prática da queimada após o desmate (utilizada para fortalecer o solo amazônico para agropecuária). Precisamos desencadear medidas em conjunto para diminuir a ocorrência de queimadas nessa localidade, evitando impactos no Acre”, afirmou Vera Lúcia Reis, assessora técnica da Secretaria estadual de Meio Ambiente do Acre.
Apesar da capital do estado, Rio Branco, ficar tomada pela fumaça ao longo desta semana, o aeroporto internacional do município não interrompeu suas operações, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
Mais fogo
Outros focos também foram encontrados próximo a Bolivia, no Parque Estadual Serra Ricardo Franco, no Mato Grosso, uma região de difícil acesso e que está sendo consumida pelo fogo há dias, de acordo com o Prevfogo.
“Não temos brigadistas nessa área, que está em situação crítica. Apenas homens do Corpo de Bombeiros tentam conter o avanço das chamas em um local de difícil acesso”, afirmou Ricardo da Silva, coordenador-substituto do Prevfogo em MT.
Entre janeiro e o início de setembro deste ano, Mato Grosso contabiliza 6.300 pontos de queimada, número que é 62% inferior ao mesmo período de 2010. De acordo com Alberto Setzer, mesmo o estado e o Brasil registrando índices de inferiores aos do mesmo período do ano passado, a situação é considerada preocupante.
“Em 2010 tivemos um dos piores períodos de seca e estiagem prolongada no Centro-Oeste e no Sul da Amazônia. Entretanto, à medida que a estiagem vai predominando, o efeito é o que está na imagem (aumento dos focos de calor na floresta)”, afirmou Setzer.
No Pará, o satélite detectou pontos de calor na região de Altamira, próximo ao Rio Xingu. Desde janeiro, o estado registrou 3.180 focos de queimada, segundo o Inpe (queda de 79% em relação ao ano passado).
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) divulgou nesta semana alerta de incêndios florestais em 17 unidades de conservação federais. De acordo a instituição o fogo já consumiu 2.409 km² de vegetação nativa, o equivalente a duas vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.
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