Escrivães e investigadores não recuam e reivindicam aumento; Silval anuncia medidas rígidas
Sindicato desafia governador e diz que greve continua
Em greve há 63 dias, os investigadores e escrivães da Polícia Civil vão manter a paralisação mesmo com o anúncio do governador Silval Barbosa (PMDB), de que vai cortar 100% dos salários, se não houver retorno ao trabalho em 24 horas.
Em entrevista ao Midianews, o presidente do Sindicato dos Agentes da Polícia Civil (Siagespoc), Clédison Gonçalves da Silva, afirmou que o movimento grevista permanece. “Não vamos retornar aos trabalhos neste sábado. Na próxima semana, faremos uma assembleia-geral para discutir o tema. Mas, não vamos voltar imediatamente”, afirmou.
Na quinta-feira (1º), uma assembleia-geral da categoria decidiu interromper o expediente de 30% (garantido pela legislação) e ampliar o movimento grevista para 100%. Apesar disso, o sindicalista afirma que não houve exageros e saiu em defesa da greve geral.
“O Judiciário já tinha considerado a greve ilegal. Então, quem já está no rio, pode perfeitamente atravessá-lo para se molhar”, disse o líder sindical.
Ele ainda rechaçou o argumento do governador Silval Barbosa (PMDB), de que não há dinheiro em caixa para beneficiar a categoria com aumento salarial. O chefe do Executivo alegou, nesta sexta-feira, que o impacto na folha de pagamento vai chegar a R$ 25 milhões anuais, provocando desequilíbrio nas contas do Estado.
“Isso é conversa fiada. Um Estado que tem dinheiro para obras da Copa do Mundo tem que ter também para investir na Polícia. Nós somos pais de famílias enfrentando a criminalidade, precisamos de atenção”, afirmou Silva.
O sindicalista ainda culpou o chefe do Executivo pela atual situação da greve. “Essa ameaça não vai levar a nada. Vivemos em um país democrático e o diálogo é a melhor solução. Chegamos neste nível de crise por culpa dele”, afirmou.
Medidas rígidas
Além de determinar o corte de salário em 100%, se não houver retorno ao trabalho em 24 horas, o governador Silval Barbosa (PMDB) determinou que todas as armas da Polícia Civil deverão ser entregues, e os veículos usados pelas delegacias serão recolhidos.
Também foram convocados para trabalhar de imediato 349 policiais civis, que estão em curso de formação. Um concurso público para preencher vagas da Polícia Civil também será realizado, ainda neste ano.
Silval ainda autorizou a cúpula da Polícia Civil a instaurar Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra servidores em greve, o que pode culminar em demissão do serviço público.
Ainda foi anunciado que a Polícia Militar vai preencher a vaga aberta com os grevistas, como estratégia de auxiliar nos trabalhos da Polícia Civil. Diante disso, Silval assegurou que haverá efetivo suficiente para a PM cumprir duas funções.
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