O potencial hidroelétrico que Mato Grosso tem capacidade de oferecer ao Sistema Interligado Nacional (SIN) está ocioso em 89%. O estado produz 1,8 mil megawatts (MW) de energia elétrica, utilizando apenas 11% de um total de 16,8 mil MW. São 14.953 mil megawatts (MW) a mais que poderiam aumentar a confiabilidade energética do país, representando um aumento de 800% em relação ao que é produzido e a capacidade do estado.
As indústrias geradoras de energia mato-grossense apostam nas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH´s) para expandir a produção de eletricidade. A preferência por essas geradoras, segundo o setor, é porque produzem menos impacto ao meio ambiente e proporcionam o aumento da economia no município onde é instalado o empreendimento.
No estado, há atualmente 51 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) que produzem 665 MW, nove Usinas Hidrelétricas (UHE) com geração de 1,1 mil MW e 28 Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH) produzindo 12,78 MW. Do potencial energético ocioso, 2,2 mil MW já estão sendo viabilizados com a construção de nove PCH´s (gerando131,7 MW) e duas UHE (2,1 mil MW). Esses investimentos estão avaliados em R$ 7,89 bilhões, sendo R$ 795 milhões para a construção das pequenas hidrelétricas e R$ 5,6 bilhões nas grandes usinas. As unidades deverão gerar 11 mil empregos a mais no estado.
O presidente do Sindicato de Construção, Transmissão, Geração e Distribuição de Energia e Gás Natural de Mato Grosso (Sindenergia), Fábio Garcia, ressalta que o estado tem condição de aumentar a produção de energia, enquanto outros estados como São Paulo e Minas Gerais utilizam, respectivamente, 72% e 50% da capacidade de produção energética. O diretor do sindicato, Itamar Duarte, complementa que se não houver expansão no sistema energético os reflexos serão sentidos futuramente, diminuindo a confiabilidade no sistema. No estado, ainda há em estudo 4,5 mil MW e outros 8,2 mil MW ainda não prospectado.
Empecilhos
Burocracia na liberação das licenças ambientais, a demora no tempo de estudo e o custo de produção elevado são alguns dos empecilhos que adiam a construção das pequenas hidrelétricas em Mato Grosso. No país, essa situação também não é diferente. Para se ter ideia, no último leilão de energia oferecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nenhuma PCH conseguiu viabilizar a venda de energia no Brasil. O preço mínimo para viabilizar uma pequena hidrelétrica é de R$ 144/Mwh, mas o valor cobrado no último leilão não passou de R$ 102/Mwh. O setor culpa que a desvalorização ocorre em função da concorrência com outras fontes geradoras de energia, como a UHE e a Eólica.
A burocracia para implantação das PCH´s é outro problema que atinge o setor. “Para instalar uma Eólica são necessários pelo menos dois anos de estudo até o funcionamento da unidade. Já para as pequenas hidrelétricas o tempo médio é de oito anos”, afirma o presidente do Sindenergia. O aquecimento da construção civil também tem inviabilizado a atividade. De acordo com o setor, o gasto com a construção da estrutura de uma hidrelétrica representa 60% do investimento total. Os outros 40% são com a compra de equipamentos.
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