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Economia
Sábado - 03 de Setembro de 2011 às 11:30

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Nos Estados Unidos, existe um fluxo contínuo de livros sobre os chamados "current affairs", ou "assuntos atuais" -volumes que analisam acontecimentos mais ou menos recentes, com análises muitas vezes originais.

No Brasil, temos um deserto de livros sobre assuntos atuais. Raros são os volumes analisando com profundidade recentes reviravoltas políticas ou econômicas.

O que existe, às pencas, são traduções mal-ajambradas de livros gringos, sem preocupação com contextualização ou falsos cognatos.

E é aí que entra "Crash --Uma breve história da economia, da Grécia Antiga ao Século XXI", de Alexandre Versignassi, da editora Leya.

O livro de Versignassi conta a história da economia mundial até o famigerado crash de 2008, em bom português, traçando paralelos com a realidade brasileira e com uma boa dose de humor.

É um alívio ler um livro sobre economia bem escrito, não uma tradução canhestra.

Trata-se de uma história da econômica mundial, contada de forma bastante informal e fazendo paralelos com acontecimentos atuais.

O livro começa com a clássica descrição da bolha das tulipas na Holanda no século XVII para explicar a bolha de 2008. Mas aí encadeia comparações que aproximam o tema do leitor brasileiro, do tipo: as ações da Vale subiram 200 % em 3 anos, o mesmo que a tulipa mais valiosa da Holanda no século XVII.

É engenhoso como o autor trafega entre história mundial e realidade econômica brasileira e global, comparando tulipas e ações de Petrobras e Vale , em que muita gente investiu com o dinheiro do fundo de garantia, e daí extrapolar para a Enron, um dos casos mais espetaculares de fraude e falência.

HUMOR E COLOQUIALISMO

Em todo o texto, o autor tem tiradas divertidas, tais como "dinheiro é um mecanismo engenhoso: permite que uma manicure compre seis pãezinhos sem ter que fazer as unhas do padeiro".
Mas ele às vezes exagera no coloquialismo: "vai minerar uma montanha de cobre para ver o que é bom".

Nos trechos sobre inflação e tabelamento, Versignassi descreve a história da hiperinflação, desde a Roma antiga até a república de Weimar e os dias de hoje.

Mas, ao contrário de livros gringos, ele aproveita para se deter no caso brasileiro, em que a taxa de inflação foi de pelo menos dois dígitos em todos os anos entre 1953 e 1995, e explica como a conta movimento funcionava para alimentar a inflação.

Um pouco depois compara o tabelamento do Sarney em 1986 com o do imperador romano Diocleciano, 300 anos depois de Cristo.

Ao final do livro, quando chega aos "assuntos atuais", ele consegue explicar o crash de 2008 de forma didática. Um assunto complexo como securitização de recebíveis, no cerne da crise, é destrinchado habilmente.

Para tornar mais clara para o leitor a euforia dos americanos, que aproveitavam a aparente alta inesgotável do mercado imobiliário para usar suas casas como caixa eletrônico, até os Simpsons entram na parada. "Homer refinanciou a casa dele para bancar uma festa (12º episódio da 20ª temporada)." 






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