Os investigadores e escrivães da Polícia Civil de Mato Grosso decidiram no fim da manhã deste sábado (3) voltar a manter 30% do efetivo de policiais atuando nas delegacias a partir desta tarde. A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Investigadores do estado, Clédison Gonçalves da Silva, após assembleia das duas categorias.
Os grevistas, que estão parados há 64 dias para reivindicar melhores salários, chegaram a paralisar as atividades integralmente por 24h, em todo o estado, na sexta-feira (2). Neste sistema de atendimento mínimo exigido pela Justiça, foram registrados apenas os boletins de ocorrência de flagrantes de crimes ou delitos.
Diante da radicalização dos grevistas, o governador Silval Barbosa (PMDB) se reuniu com uma equipe do governo e anunciou ainda na sexta o corte dos salários dos policiais e uma série de medidas para amenizar os efeitos da greve. A Polícia Civil editou três portarias para assegurar os serviços essenciais de segurança e tentar preservar a ordem pública.
A primeira determinou o recolhimento de todas as viaturas e armas de fogo dos policiais. A segunda colocou à disposição, em regime de plantão de 12/48 horas, os alunos da academia de polícia. No entanto, os alunos foram escalados para exercer apenas serviços administrativos, registros de ocorrências, elaboração de autos e atendimento ao público. Os alunos não deverão, segundo a portaria, exercer atividades externas e nem abordar ou prender suspeitos.
O governador também instituiu uma escala de delegados para reforços nos plantões de Cuiabá e Várzea Grande, com objetivo de não haver interrupção dos trabalhos de elaboração de autos de prisão em flagrante e termos circunstanciados de ocorrência.
Negociações
Na última quinta-feira (1º), os investigadores e escrivães rejeitaram a proposta do governo do estado e decidiram em assembleia paralisar 100% das atividades. Foi uma reação ao fato do governo de Mato Grosso ter condicionado a apresentação de uma nova proposta aos profissionais à suspensão da greve.
Pela proposta, os policiais receberiam R$ 3.900 até o fim de 2014, a partir de um reajuste progressivo anual que começaria em 2011. Investigadores e escrivães buscam aumentar os salários dos atuais R$ 2.365 para cerca de R$ 6 mil iniciais, mesmo valor pago aos peritos criminais do estado.
Após constantes decisões de assembleias em manter o movimento, no dia 21 de agosto a Justiça declarou a greve ilegal, com pena diária de R$ 20 mil. No entanto, a assessoria jurídica dos sindicatos está contestando a decisão judicial. “Quem vai decidir sobre a greve judicialmente serão nossos advogados. Nós decidimos continuar o movimento”, comentou Gonçalves da Silva.
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