Com PSD, Wagner terá tropa maior que a de ACM
Ao patrocinar a criação do PSD na Bahia, o governador Jaques Wagner (PT) colherá como dividendo uma hegemonia na Assembleia Legislativa maior do que a de Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) no auge de seu poder, nos anos 90.
Se sair do papel, o partido de Gilberto Kassab nascerá na Bahia como a segunda maior bancada da Assembleia (11 deputados), atrás somente do PT, e com cinco deputados federais.
Dos 11 deputados estaduais, 10 foram eleitos em legendas que fazem oposição ao governador na Assembleia, como DEM e PMDB.
Com a migração dos oposicionistas para a base, Wagner terá a seu lado 49 dos 63 deputados estaduais.
Quando governador (1991-1994), ACM chegou a contar com uma base de 44 deputados, mas o apogeu de seu grupo político ocorreu na eleição de 1998, quando César Borges (então PFL) foi eleito governador junto com uma bancada de 47 aliados.
A figura de proa do PSD na Bahia é o vice-governador Otto Alencar, que hoje ele preside o partido no Estado.
Com o aval do governador, Alencar negociou pessoalmente a adesão de oposicionistas à base. Ele comanda a Secretaria de Infraestrutura, com orçamento de R$ 600 milhões para estradas.
A Folha apurou que os neoaliados indicaram afilhados políticos em autarquias do interior e receberam promessas de obras em suas bases eleitorais. Dos 11 deputados estaduais do PSD, 10 são pré-candidatos ou têm filhos que devem disputar prefeituras em 2012.
Alencar nega que tenha cooptado políticos para o PSD em troca de cargos. Segundo ele, as adesões foram "naturais" porque eles fizeram campanha para Wagner, à revelia das coligações de seus partidos, ou se aproximaram do governo este ano.
"Quase todos esses deputados já tinham uma longa história política comigo. Não teve a distribuição de um cargo, não me pediram absolutamente nada que não seja obras dentro do programa de investimentos do governo."
A erosão da oposição atinge principalmente o DEM, do deputado federal ACM Neto, e o PMDB do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Os dois partidos elegeram, juntos, 11 deputados, mas ficarão com apenas seis após a debandada em direção ao PSD.
"É a velha chantagem que, na Bahia, o PT está usando. É como se o governo fosse retaliar quem não estiver junto. Estão migrando em troca de benesses", disse Geddel.
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