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Cidades
Segunda - 05 de Setembro de 2011 às 16:30
Por: Dhiego Maia

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Túmulo arrombado (Foto: Dhiego Maia/G1)
Major afirma que policiamento será reforçado na 
região do cemitério. (Foto: Dhiego Maia/G1)

O cemitério São Vicente, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, se tornou alvo constante de vândalos que estão violando os túmulos em busca de alianças de ouro e joias que estão enterradas junto aos corpos. O G1 esteve no local e verificou que dezenas de túmulos estão abertos. Quando não estão espalhados pelo chão, os restos mortais das pessoas ali enterradas são encontrados revirados dentro das lápides e, em alguns casos, retirados clandestinamente dos locais.

Vários moradores entrevistados pelo G1 confirmaram a situação. Um deles é o estudante Rui Barbosa do Nascimento. Ele está revoltado com o abandono do cemitério. "Nem os mortos podem descansar em paz. Este cemitério tem contribuído muito para os bandidos esconderem droga, se refugiarem aqui dentro e até abrirem as sepulturas para procurar algum objeto de valor", revelou.

Desativado pela Justiça, nenhum corpo é sepultado no cemitério há quatro anos e o cenário de abandono transformou o espaço em local para consumo de drogas e prática de sexo até mesmo durante o dia. O cemitério não tem nenhum dispositivo de segurança e está com parte do muro que circunda o local quebrada. A insegurança generalizada impede as visitas de familiares aos túmulos dos entes queridos.

A Prefeitura de Várzea Grande é a responsável pela manutenção do cemitério e mantém apenas um servidor no local que faz a limpeza do espaço. Manoel Feliciano cuida do São Vicente há 10 anos e está indignado com o estado em que se encontra o espaço que um dia atendeu com qualidade a população da região do Parque do Lago. “Eles quebram os túmulos, arrancam os ossos dos caixões e desmancham tudo sem dar nenhuma explicação”, reclamou Feliciano.

A Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Várzea Grande é favorável pela interdição do cemitério. Respaldado por um laudo hidrogeológico emitido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), o órgão constatou que a uma profundidade de apenas 60 centímetros dos túmulos, em alguns pontos, corre um lençol freático. O necro-chorume, líquido de forte odor composto de vírus e bactérias, estaria contaminando o lençol freático que abastece a região.

Túmulo arrombado (Foto: Dhiego Maia/G1)
Lápides são arrombadas e ossos ficam expostos
no cemitério. (Foto: Dhiego Maia/G1)

Diante da contaminação, a promotora de Justiça Maria Fernanda Corrêa da Costa pediu a interrupção dos sepultamentos que, segundo ela, estão suspensos desde o mês de agosto de 2007. “Nós decidimos também pela retirada dos ossos do cemitério para um ossário em um outro local da cidade”, disse a promotora. A Prefeitura do município garantiu ao MPE que dispõe de orçamento e área para construção de um novo cemitério. O prazo para o funcionamento do novo espaço na cidade, segundo a promotora, se encerra neste ano.

Outro lado
O secretário de Infra-estrutura de Várzea Grande, Luis Carlos Sampaio, pasta responsável pela administração dos cemitérios na cidade, reconheceu o problema. “Quando o cemitério foi construído não havia nenhum estudo ambiental que amparasse a construção. Ele foi construído em local impróprio. O lugar é úmido e arenoso”, disse Sampaio.

O secretário ainda informou que as ossadas serão transferidas para um outro cemitério que aguarda apenas liberação da Sema para funcionar. O novo espaço, localizado no bairro Primavera, conta com cinco hectares de área e teria estrutura para construção de lápides verticais. Mas o processo de transferência dos restos humanos do cemitério São Vicente, segundo Sampaio, deve levar tempo.

Já em relação ao vandalismo, o secretário apontou que a pasta não tem recursos suficientes para contratar uma guarda de segurança, o que poderia inibir a depredação criminosa no local. Ao todo, Várzea Grande conta com 14 cemitérios que atendem a uma média de 15 sepultamentos por semana.

Eles quebram os túmulos, arrancam os ossos dos caixões"
Manoel Feliciano, zelador do cemitério

De acordo com a Polícia Militar, a única base comunitária de polícia que fazia a segurança da região foi desativada há dois anos. Ao G1, o comandante da PM responsável pelo policiamento da região do Parque do Lago, major Vanilto Nogueira Fixina, informou que o prédio da base comunitária não tiha mais condições de abrigar os PMs, por questões estruturais.

Em relação ao vandalismo no cemitério, o major informou que desconhecia o problema, mas que a partir de agora vai manter uma viatura e uma equipe de policiais para fazer o policiamento na região.

O comandante da PM na cidade, coronel Pery Taborelli da Silva Filho, também ressaltou que as ações da corporação estão concentradas em rondas e abordagens à população. Ele ainda disse que oito bases da PM devem ser construídas até 2014 no município.

Já a promotora de Meio Ambiente do município informou que vai instaurar inquérito policial para investigar a violação dos túmulos. “Esse fato [violação dos túmulos] precisa ser investigado. A Prefeitura precisa colocar mais vigias no local, arrumar os muros. Vamos abrir inquérito para investigar a violação”, concluiu. A violação, destruição e ocultação de cadáveres são crimes previstos no Código Penal Brasileiro, com prisão que varia entre um a três anos, além de multa.






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