Fumantes ainda se surpreendem ao saber de câncer de pulmão
A pesquisa "Câncer de Pulmão: A Visão dos Pacientes" divulgada nesta quarta-feira indica que a maioria dos doentes sabe que cigarro é o principal causador, mas se surpreende quando é diagnosticada.
O câncer de pulmão é o mais comum entre os tumores malignos e, segundo estimativa do Inca (Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva, há 27,6 mil novos casos em 2011 no Brasil, a maioria em homens.
Ainda de acordo com o Inca, estima-se que 90% dos casos de câncer de pulmão estejam associados ao tabagismo.
Encomendado pela Pfizer e realizado pelo Instituto Ipsos, o estudo foi realizado em 2011 em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Salvador. Ele teve duas fases: a primeira qualitativa com pacientes e médicos; e a segundo quantitativa, com 201 doentes.
Além da surpresa com o diagnóstico, o relatório mostrou que mais de três quartos dos doentes recebem diagnóstico com o câncer em estágio avançado.
"O diagnóstico precoce é fundamental. Apenas 15% dos pacientes sobrevive por cinco anos em média", afirma o oncologista Artur Katz, que coordenou a pesquisa.
Ele diz que a expectativa de vida média dos pacientes é de dez a 12 meses.
A falta de conhecimento também chamou atenção. Cerca de 84% dos entrevistados sabiam pouco ou nada sobre o câncer de pulmão antes de descobrir que sofriam da doença.
"O investimento não deve ser em prevenção ou em medicamentos, mas sim em medidas antitabagistas", defende o oncologista.
Para Katz, políticas de prevenção e esclarecimento são a chave para diminuir o número de casos.
"Fica óbvio que as imagens nos maços de cigarro não bastam. O foco não deve ser nos adultos para largar o vício, mas sim nos adolescentes."
TUMOR EM NÃO FUMANTES
O médico ainda destaca um caso mais raro de câncer de pulmão, que acomete de 4% a 5% dos pacientes, a maioria jovem e não fumante. "São pessoas com uma alteração genética específica chamada fusão EML4-KL. Essa anormalidade decorre da fusão de dois genes, o que gera o tumor."
Não se sabe o que desencadeia essa alteração genética, é um fenômeno que surge no meio da vida, diz Katz.
Para esses casos, onde a resposta ao tratamento é muito ruim, o FDA (agência que regula remédios e alimentos nos EUA) aprovou em agosto um medicamento da Pfizer no país, o xalkori (crizotinibe), de via oral.
Como a maioria das drogas oncológicas, o efeito colateral do remédio é gastro-intestinal e pode provocar um grau leve de náusea.
No Brasil, a droga deve se submeter a aprovação em 2013.
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