O secretário de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar José Domingos Fraga (DEM) aproveitou uma reunião fechada com membros da Empaer e deputados estaduais para expor as vísceras da pasta
Zé Domingos admite irregularidades, diz estar de mãos atadas e deve sair

Em tom de desabafo, o secretário de Desenvolvimento Rural, José Domingos Fraga (DEM), aproveitou uma reunião fechada com membros da Empaer e deputados estaduais para expor as vísceras da pasta. Ele revelou, por exemplo, a existência de uma série de irregularidades na Central de Abastecimento da Agricultura Familiar.

Zé Domingos pontua que fica de “mãos atadas” porque precisa dos poucos servidores que atuam no local. “A central é uma vergonha. Existe um monte de vícios ali”, revela o democrata. Depois completa: “muitas vezes temos que fazer vistas grossas em muitas coisas que estão sendo feitas lá”.

O secretário diz que tem buscado alternativas para alterar o modelo de gestão e conseguir organizar a distribuição da produção. Lembra que a central é fundamental para a agricultura familiar do Estado e que, por isso, não pode fechar as portas. O democrata, que afirma estar com os dias contados na pasta, critica ainda a falta de orçamento e previsão da redução linear superiores a 50% na LOA de 2012. “O setor econômico corta e não quer saber se o governo tem ou não interesse em fortalecer determinada área”, dispara.

Mesmo reconhecendo ser humanamente impossível tocar o setor com poucos recursos e ponderando não ter “forças” como secretário para reverter a situação, ele reconhece que o governador Silval Barbosa (PMDB) está bem intencionado. “Fica muito difícil reagir como um homem de confiança do governador. Eu acho que poderia contribuir mais como deputado atuante e brigador aos extremos, se necessário”, completa.

Ele avalia que ao retornar para a Assembleia atuará como relator do orçamento, por meio da Comissão Fiscalização e Acompanhamento da Execução Orçamentária, por isso, teria mais força para ajudar na reestruturação da Empaer.

Fechar Portas

Como forma de pressionar os prefeitos e o Paiaguás a reestruturar o órgão, Zé Domingos também defende, durante a reunião, o fechamento das portas de alguns escritórios da Empaer, que não têm a estrutura necessária para atender a demanda. “Encolher as nossas ações. Não adianta técnicos sem carro, gasolina e internet. Precisamos investir nos municípios onde há convênios com o Incra, sede própria, promover o enxugamento mesmo”, pondera.

Ele argumenta que, ao fechar as portas, os prefeitos vão sentir a importância do órgão e pressionar o Paiaguás a reestruturar a Empaer. “O governo tem que sentir na pele”, reforça. Depois adianta que se articula para tentar encaminhar o projeto de reestruturação até 30 de setembro. “Meus dias na secretaria estão chegando ao fim”, conclui. Nos bastidores, a informação é que Zé Domingos voltará para a Assembleia até 15 de outubro.