Tablet da Positivo apertará margem, mas pode ter futuro
E em meio à enxurrada de fabricantes asiáticas que traçaram planos para atuar no país --como LG, ZTE e Foxconn-- a curitibana Positivo Informática, principal montadora nacional de computadores, deve apresentar seu tablet na próxima terça-feira, quando tem agendada uma entrevista coletiva de pauta não revelada.
Zé Carlos Barretta/Folhapress | ||
Notebook da Positivo, que deve apresentar seu novo tablet na próxima terça |
O presidente da companhia, Helio Rotenberg, afirmou em agosto que "as lojas estarão repletas no Natal" de tablets da Positivo e se disse confiante nesse mercado.
A Positivo leva vantagem por sua ampla logística nacional e contato próximo com varejistas, mas pode faltar espaço nas prateleiras para tantos modelos diferentes das fabricantes.
"A concorrência vai ser forte neste segmento", resume o analista Alex Pardellas, da corretora Banif.
Vinte e cinco empresas manifestaram interesse em montar tablets no país, segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Essa disputa pelo consumidor --especialmente com o iPad, da Apple-- vai ser acirrada, o que colocará pressão sobre as margens da Positivo.
"Se você olhar para o mercado global, a Apple é totalmente dominante... Não vejo motivo para imaginar que no Brasil será tão diferente, uma vez que a Apple (por meio de sua fornecedora Foxconn) estará apta a produzir no país, podendo oferecer preço competitivo", destaca um analista que acompanha a Positivo e falou sob condição de anonimato.
"O tablet deve trazer um benefício de receita para a Positivo, mas a margem vai ter que ser baixa", acrescenta o analista, lembrando que os computadores da empresa já possuem margem bastante reduzida.
A Positivo teve margem Ebitda ajustada de 2,8% no segundo trimestre, depois da margem negativa de janeiro a março --mas ainda assim bem inferior aos 9,1% de igual período de 2010.
No longo prazo, contudo, a oferta de um produto de baixo preço pode implicar ganho de market share no segmento de tablets, garantindo à Positivo uma presença sólida em um negócio promissor.
"A Positivo é uma empresa que se posiciona bem com o público de baixa renda", observa o analista Bruno Sávio Nogueira, da empresa de análises Lafis. "Vejo a empresa com grande possibilidade de sobreviver neste mercado. Acho que o produto dela vai ter espaço."
Além disso, segundo analistas, a Positivo já é uma grande vendedora de computadores para o governo e poderia levar seus tablets para órgãos públicos, ganhando escala.
De acordo com previsão de fevereiro da empresa de pesquisa IDC, as vendas de tablets no Brasil devem chegar a 300 mil unidades em 2011, com a maior movimentação ocorrendo nos seis últimos meses do ano. Se considerado um preço médio de R$ 1.500 por aparelho, isso se traduziria em vendas de R$ 450 milhões.
ANDROID
Embora não tenha fornecido muitos detalhes sobre o tablet, a Positivo revelou que o sistema operacional será o Android, do Google.
Isso deve ajudar o produto a concorrer com a Apple, especialmente se a Positivo incentivar a produção de softwares para seu dispositivo.
"Há 90% de chance de que qualquer novo tablet no mercado use o sistema operacional Android. É mais fácil para a Positivo usá-lo do que criar um novo sistema operacional", afirmou a analista Elia San Miguel, da empresa de pesquisa Gartner.
Atualmente, o Android detém 28% da base instalada de tablets na América Latina, bastante atrás dos iPads da Apple, com market share de 57%, segundo o Gartner.
O cenário deve mudar em 2015, quando o sistema operacional do Google deve superar a Apple e atingir 36% do mercado --contra 35% da Apple, disse Elia.
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