França pede bloqueio de site que denuncia abusos policiais
O Ministério do Interior da França solicitou nesta sexta-feira à Justiça o fechamento de um site que divulga fotos e comentários sobre policiais que seriam supostamente violentos ou racistas.
O site Copwatch (vigiando a polícia, em tradução livre) reúne nomes, imagens e dados pessoais de mais de 400 policiais em Paris e na periferia da capital, além de algumas cidades do norte da França, como Lille e Calais.
O símbolo do Copwatch na homepage mostra um policial agredindo uma pessoa no chão e sendo filmado por uma câmera.
Os criadores do site, desconhecidos até o momento, alertam que identificarão os policiais "um por um" e que "denunciarão com todas as suas forças as violências cometidas" e a "repressão sofrida pela camada mais pobre da população".
Entre as fotos publicadas, há policiais da tropa de choque prendendo imigrantes, imagens de policiais sorrindo com armas de fogo nas mãos e até mesmo ingerindo bebidas alcoólicas dentro da viatura.
As fotos são seguidas de textos bastante críticos em relação aos policiais, acusados, por exemplo, "de caçar o povo roma (ciganos), os árabes e os pobres".
REAÇÃO
"Esses comentários prejudicam gravemente a honra e a reputação dos policiais civis e militares", afirmou o ministro do Interior, Claude Guéant, que já apresentou duas queixas contra o site, além do pedido para que a página na internet seja bloqueada.
Uma da queixas é por difamação da polícia e a outra por difamação da administração pública.
Além de mostrar cenas de operações da polícia, o Copwatch fornece informações detalhadas sobre os policiais, como currículo, cargo, apelido e até gostos pessoais, obtidos nas páginas de redes sociais como Facebook.
O site possui ainda um "banco de dados" específico sobre os policiais vestidos à paisana, vários deles que estariam infiltrados em manifestações contra políticas do governo.
"Esses comentários são escandalosos. Eles são acompanhados de fotografias, de dados sobre a identidade e, em alguns casos, até mesmo do endereço residencial dos policiais. Isso coloca em risco a segurança dessas pessoas e de suas famílias", afirmou um porta-voz do Ministério do Interior.
O sindicato de policiais informou nesta sexta-feira que dezenas de policiais que aparecem nas listas do site prestaram queixa.
O sindicato pediu ao ministro do Interior para adotar rapidamente medidas "para proteger os policiais".
"A polícia é enganadora. Espero que o site permita às vítimas de violência policial encontrar em nossa base de dados seu agressor", declarou um dos autores de Copwatch à Radio France Info, sem revelar sua identidade.
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