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Economia
Domingo - 02 de Outubro de 2011 às 15:45

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Negócios que se dizem sustentáveis ganham pontos com o consumidor, e os microempresários sabem disso.

O que eles desconhecem, contudo, é o próprio conceito de sustentabilidade, aponta a primeira sondagem do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) sobre o tema, feita com 3.058 micro e pequenas empresas do país em agosto deste ano.

Do total de entrevistados, 58% afirmaram não ter conhecimento algum sobre o assunto. Ainda assim, 47% deles disseram que a questão representa oportunidade de ganho, e 79% pontuaram que ser sustentável atrai clientes.

A incoerência é "reflexo do pouco conhecimento [do empresário]", avalia o diretor técnico do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos.

"As empresas têm dado muita atenção à questão ambiental, mas a sustentabilidade também tem como base aspectos sociais e econômicos", diz o professor Clovis Armando Alvarenga Netto, coordenador do curso de ecodesign, da Fundação Vanzolini.

A sustentabilidade alia projetos ambientais a sociais (como oferta de cursos e outros planos que se destinam às pessoas da região da empresa) -que precisam auxiliar o empreendimento a gerar lucro. "Se não for assim, não será sustentável", reforça Alvarenga Netto.

Por acreditarem que o conceito está unicamente ligado à questão ambiental, empresários têm dificuldades de implantar práticas efetivas.

Na Apdata, de software, a tentativa foi barrada pela "falta de conscientização dos funcionários", afirma a presidente, Luiza Nizoli, 50.

Há seis anos, a empresa começou a adotar práticas simples, como redução de uso de papel, mas esbarrou na resistência da equipe, que teria de mudar hábitos. "As pessoas enxergam que a empresa quer ganhar [sozinha]."

CUSTO É EMPECILHO
Para ter um negócio sustentável, Luiz Cezar Pereira, 70, sócio da Enersud, fabricante de turbinas eólicas, construiu fábrica em Maricá (a 54 km do Rio de Janeiro) com nova estrutura.

Nela, há geração de energia eólica e solar, sistema de captação de água de chuva, telhas brancas (que reduzem o calor interno) e calha plástica (que beneficia a iluminação natural). O custo foi 40% maior, se comparado ao de uma estrutura convencional.

O retorno do investimento, diz Pereira, vem com o tempo. "Precisamos ser assim para nos apresentarmos ao mercado, e esse é hoje o nosso argumento de venda", explica.

Para muitos donos de empresas de micro e pequeno portes, porém, o custo é um dos maiores empecilhos para a implantação de projetos que aliem as três bases da sustentabilidade --ambiental, econômica e social.

"Ao rever processos de gestão, [o gestor] verá que há ações que não impactam o caixa", diz Claudio Albuquerque, diretor da ImparBrasil, consultoria em responsabilidade socioambiental.

Clovis Alvarenga Netto, da Fundação Vanzolini, concorda. "Existem iniciativas de curto prazo que podem contribuir [para diminuir custos, como redução do uso de papel]", sinaliza o professor.

Para especialistas, a falta de informação impede empresas de adotarem práticas efetivas, e a maioria reduz suas ações à troca de copo plástico por caneca e à economia de papel e energia. "É um primeiro passo", considera.

É o que acontece na Medilab, laboratório de análises clínicas. "Não temos muita opção [porque os custos aumentariam]", diz a gerente Kelsilayne Fraga, 34.

Quando a economia passou a ser revertida em benefícios para os funcionários, como sala com rede para cochilos, a adesão foi maior. Hoje a Apdata conta com comitê sobre o tema para tentar implementar novas práticas. 






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