Mulher era contato entre brasileiros e bolivianos para transporte de drogas
Das quatro mulheres presas durante a operação Noturnos da Polícia Federal, deflagrada na sexta-feira (30), em Cáceres (220 km de Cuiabá), uma era quem intermediava o contato entre brasileiros e bolivianos. Ao todo, 25 mandados de prisão foram cumpridos dos 41 expedidos pela Justiça Federal, com o objetivo de desarticular a organização criminosa voltada ao tráfico internacional de cocaína.
O delegado responsável pelo inquérito, Josean Severo, explicou que a mulher era o contato entre os dois grupos. “Eles ligavam pra ela e perguntavam se tinha alguém para trazer determinada quantidade de droga”, explicou o delegado, durante coletiva à imprensa.
A participação das outras três mulheres presas também foi confirmada apesar de duas alegarem, no momento da prisão, não terem conhecimento do esquema e que apenas são casadas com envolvidos na organização.
Sobre a participação de grupos bolivianos, o delegado explicou que foi confirmada, porém não quis afirmar quantas pessoas do país vizinho fariam parte da quadrilha, diante da impossibilidade de se cumprir as prisões.
Instalada no município de Cáceres, o grupo transportava a droga a pé de San Mathias (Bolívia) até a cidade mato-grossense. O trajeto de 80 quilômetros era feito com escolta armada durante a noite, por equipes de pelo menos cinco pessoas ao menos uma vez por mês.
Ao chegarem a Cáceres os transportadores repassavam a cocaína para outra equipe que era responsável pela distribuição da droga para cidades de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Maranhão e Espírito Santo.
As investigações duraram cerca de um ano e tiveram início em Cáceres. Apesar de residirem, no município o núcleo do grupo criminoso atuava em outras cidades mato-grossenses, bem como em outros estados relacionando-se ou prestando apoio a outras quadrilhas.
Cerca de 160 policiais federais trabalharam no cumprimento de 35 mandados de prisão preventiva, seis mandados de prisão temporária e 38 mandados de busca e apreensão, os quais foram expedidos pelo Juízo da Justiça Federal em Cáceres. A PF ainda trabalha na buscas pelos dois principais líderes, que ainda não foram detidos.
No decorrer da investigação foram lavrados seis autos de prisões em flagrante e apreendidos, aproximadamente, 390 kg de cocaína, além de material destinado à produção, preparação e transformação de drogas.
Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, cujas penas podem chegar a 15 anos de reclusão. No entanto, por se tratar de tráfico internacional de entorpecentes e pelo fato de as ações ilícitas do grupo envolverem mais de um estado brasileiro, há previsão de elevação das penas de um sexto a dois terços.
A “Operação Noturnos” recebeu esta denominação em virtude de parte dos alvos internalizarem a droga no Brasil através de caminhada noturna, bem como enviarem o entorpecente para os outros estados através de “mulas” que viajam somente à noite.
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