Maconha foi apreendida em operação do Gaeco, na Serra de São Vicente; Grande Cuiabá era o alvo principal
Droga apreendida ia abastecer bocas-de-fumo em MT
Uma tonelada e meia de maconha que seria distribuída em todo o Estado de Mato Grosso foi apreendida, na madrugada de segunda (3), na BR-364, próximo à Serra de São Vicente (85 km ao Sul da Capital), pelo Ministério Público Estadual (MPE), por meio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
Segundo o procurador de Justiça e coordenador do Gaeco, Paulo Prado, essa é a maior apreensão de drogas já feita pelo grupo, e a quantidade exagerada obrigou o agendamento da incineração da droga para esta terça-feira (4), às 15h. De acordo com Prado, não há pátio na Capital que suporte o volume apreendido, nem mesmo o da Polícia Federal.
O trabalho de investigação e monitoração da quadrilha, que faz parte da Operação "Papo Reto", durou dois meses, e as prisões foram feitas graças ao trabalho coordenado dos Gaecos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, bem como da Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A origem da droga não foi determinada, mas, de acordo com Prado, tudo indica que a maconha seja proveniente do Paraguai. "A droga já estava em Ponta Porã (MS), pronta para ser distribuída. O caminhão (responsável por transportar a droga) saiu de Poconé e já estava há 30 dias parado (em Ponta Porã), esperando o momento oportuno para vir para Mato Grosso", explicou o procurador.
De acordo com o coordenador do Gaeco, Mato Grosso se tornou um grande centro de distribuição de drogas e alvo de traficantes, uma vez que os entorpecentes entram no Estado vindos do Paraguai (maconha), via Ponta Porã (MS), e da Bolívia (cocaína e pasta-base), país com o qual o Estado possui 750 km de fronteira seca e com precariedade de vigilância.
No total, 14 pessoas integrantes da quadrilha foram presas e encaminhadas à Penitenciária Central do Estado. Em Cuiabá, a droga seria redistribuída para todo o Estado, com foco para a Baixada Cuiabana. Segundo Prado, cerca de cinco traficantes seriam beneficiados com a entrega da droga e o prejuízo para a quadrilha com a apreensão é de, aproximadamente, R$ 2 milhões.
Para o Coronel da Polícia Militar, Osmar Lino Farias, a ação do Gaeco foi vista com "alívio" porque a droga não vai chegar aos usuários". Farias ainda avaliou a operação "Papo Reto" como correta porque busca prender exatamente os "cabeças" da distribuição, e não deixa os entorpecentes serem distribuídos no Estado.
Farias ainda lamentou a posição ocupada pela Capital, quando o assunto é tráfico de drogas. "Cuiabá sempre foi rota, pátio da droga, principalmente de pasta-base e cocaína", lamentou o coronel.
Ação
Prado explicou que os dois grandes líderes da quadrilha, identificados como Vanderley Natal Passer (o "Gaúcho), 33, e Mailton Natanael da Conceição, 35, agiam sob o disfarce de distribuidores de mercadorias para o Shopping Popular, popularmente conhecido como "Shopping dos Camelôs", no bairro do Porto, em Cuiabá.
Entre os presos, quatro integrantes são mulheres, que seriam usadas para dar aparência de família à quadrilha.
Confira abaixo a lista com os nomes dos demais integrantes presos preventivamente e qual a função que cada um exercia na quadrilha, segundo dados disponibilizados pelo Gaeco:
- Benedito Edson de Oliveira Filho, 22, vulgo "Feijão" ou "Diogo": traficante no bairro Santa Izabel, em Cuiabá;
- Eleida Valquíria Ramirez Gonçales, 25, conhecida como "Leda": intermediadora da droga e comparsa de Mailton. Foi presa em Ponta Porã (MS);
- Gilberto Vitório Macedo, 39 anos: proprietário do caminhão usado para o transporte da maconha;
- Luiz Macedo Gomes dos Santos, 25, vulgo "Zóio": traficante responsável pelo abastecimento do bairro Renascer e comparsa de Mailton;
- Willian Pereira Santana, 28, vulgo "Guiú": identificado como o "braço direito" de Mailton em Cuiabá;
- Diego Francisco Pacheco, 26 anos: "batedor", ou seja, acompanha o transporte da droga em um carro pequeno, à frente normalmente do caminhão, para sinalizar como a pista está (se há policiamento, acidentes, operações);
- Josemar da Silva Macedo, 26 anos: "batedor" e comparsa de Vanderley;
- Karine Baça, 23 anos: "batedora" e esposa de Gilberto;
- Márcia Massavi Parava, 43, conhecida como a "esposa do Gaúcho": Esposa de Vanderley e comparsa nas ações do marido;
- João Pinheiro Neto, 38 anos: motorista do caminhão;
- Márcio Henrique de Paula Santos, 32, vulgo "Mineiro" ou "Motorista": também motorista contratado pela quadrilha, dirigia um Santana que foi apreendido com aproximadamente 140 kg de entorpecentes.
- Marineth Ferreira Dias de Moura, 25 anos: esposa de Mailton e cúmplice nas ações do marido.
Defesa
O advogado Miguel Moura, que representa Benedito Edson de Oliveira Filho - apontado como traficante, acompanhou toda a coletiva e confirmou que seu cliente foi preso em casa na manhã de ontem (3), mas ressaltou que nada foi encontrado em sua casa e que ele é inocente.
"Ele não tem relação alguma com essa quadrilha, não conhece nenhum dos integrantes", disse o advogado.
Segundo Moura, Benedito mora no bairro Santa Angelita (ao lado do Santa Izabel) e não possui passagens pela polícia. O advogado afirmou que irá entrar com pedido de liberdade do acusado até quarta-feira (5).
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