O vice-reitor da Universidade, Francisco Souto, disse que os conselheiros adiaram a votação em virtude da complexidade das discussões. “Os vários representantes conselheiros colocaram suas posições, algumas posições de suas unidades acadêmicas, mas uma maioria solicitou mais tempo para a discussão. Eles entendem que o assunto é de fato muito polêmico e que precisam de um aprofundamento”, explicou Souto.
A reitoria acredita que a decisão possa legitimar uma realidade já vivenciada na universidade. Segundo dados da UFMT, ao menos 56% dos 24.528 acadêmicos da instituição eram alunos que concluíram o Ensino Médio em escolas públicas. Contudo, a cota, segundo a reitoria, diminuiria uma distorção em relação aos cursos mais concorridos, como medicina e direito, que possuem respectivamente apenas 7% e 20% dos alunos oriundos de escolas públicas.
Esta não é a primeira vez que a UFMT discute a criação de um sistema de cota. Segundo o vice-reitor, o Consepe aprovou em 2003 a criação de sistema de vagas baseado em questões étnicas e socioeconômicas. “No entanto, ela [a cota] só foi estabelecida de fato muito timidamente apenas em relação a questão indígena, que é um programa que tem acontecido na UFMT”, comentou. Os outros chamados “recortes” não foram implementados.
O vice-reitor explicou que na atualidade existe uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para que a discussão sobre as cotas socioeconômicas fossem retomadas neste ano, que está sob análise do Consepe.
Só que a reserva de vagas não agrada a todo o corpo docente da instituição. O professor da UFMT, Roberto Boaventura, disse que a cota não deve ser implementada por dois motivos: por ir contra questões constituições e por apenas solucionar paliativamente, segundo ele, a falência do sistema educacional público brasileiro. “O problema será resolvido a partir de uma ampla mobilização da sociedade brasileira exigindo dos governos federal e estadual a qualidade do ensino e a valorização do professor. Enfim, são medidas estruturais e não meramente pontuais”, declarou.
Entenda da cota
A UFMT destina atualmente 100% das vagas para alunos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Caso a cota seja aprovada pelo Consepe, os estudantes de escolas públicas vão ter direito a 30% das vagas já na próxima seleção pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que é gerenciado pelo Ministério da Educação. No ano de 2013, o percentual deve aumentar para 40%, e em 2014 passará para 50%, conforme prevê a proposta em análise na UFMT.
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