O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu junto aos países do G20 que o reforço do Fundo Monetário Internacional (FMI) seja realizado por meio da abertura de créditos a partir de acordos bilaterais entre países que precisem de ajuda e os que se dispõem a contribuir. O reforço do FMI foi um dos focos das discussões dos ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais do G20, reunidos em Paris. O evento de dois dias, encerrado neste sábado, foi o último antes da cúpula dos chefes de Estado e de Governo das 20 maiores economias do mundo, em novembro.
O comunicado final da reunião ministerial afirma que os países concordaram que o FMI precisa ser fortalecido para fazer face a um eventual agravamento da crise. A medida encontra resistência, principalmente dos Estados Unidos, que se opõem à distribuição de mais cotas no fundo para que o valor atual não seja diluído - uma vez que, em crise, os americanos não poderiam aumentar a sua participação neste momento.
O texto assinado pelos ministros, entretanto, não especifica de que maneira o FMI seria fortalecido, nem qual o montante que seria necessário. "Reforçar a capacidade de recursos não significa necessariamente colocar dinheiro no fundo, mas pode ser através da abertura de créditos, que poderão ser chamados pelo FMI caso seja necessário", defendeu Mantega, em coletiva de imprensa ao final do evento.
Ele lembrou que desde o último aumento da contribuição do Brasil, em 2008, o País ainda não precisou desembolsar todos os 14 milhões de dólares oferecidos: ainda restam quase 6 milhões, que permanecem à disposição do FMI caso seja necessário. A proposta foi apresentada aos demais países e não teria sido questionada, conforme o brasileiro. "Mas antes disso, é preciso que os europeus coloquem os fundos que tem, resolvam os seus problemas, para depois nós entrarmos."
O ministro ressaltou que o reforço do fundo não poderia entrar em conflito com as reformas que são realizadas na instituição. O Brasil defende a permanência das reformas nas cotas, que dá mais participação os emergentes.
Mantega também aparentou preocupação com o contágio da crise para os países emergentes. Ele comentou a diminuição do crescimento verificada nos últimos dados destes países e sinalizou que a estagnação do comércio internacional, que começa a afetar "ligeiramente" a China, pode acabar chegando ao Brasil. "São sinais importantes de que há uma deterioração do cenário", declarou. "Os países emergentes, que até então estavam preservados, começaram a ser afetados por essa crise. Isso é sério porque daí a crise entra em um outro patamar".
Para Mantega, entretanto, apenas os europeus podem estancar os efeitos da crise. Ele demonstrou-se otimista com a solução dos problemas na zona do euro, que se encontra em uma grave crise econômica. Além de discutir o reforço do FMI, o G20 pressionou os europeus a encontrarem uma saída para a crise na Grécia, a recapitalizarem os bancos do continente e darem mais força ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.
"Há uma luz no fim do túnel. Eles sabem da urgência das coisas", disse. "O ministro francês me garantiu que os europeus vão ter essas questões equacionadas até 23 de outubro. Se eles conseguirem fazer isso nós poderemos equacionar o principal problema e voltar a ter mais confiança na recuperação dos mercados", concluiu
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