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Polícia
Quarta - 19 de Outubro de 2011 às 12:30
Por: KATIANA PEREIRA

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MidiaNews
Tráfico envolve prostituição nas rodovias, trabalho ilegal e tráfico de drogas, de Norte e Sul
Tráfico envolve prostituição nas rodovias, trabalho ilegal e tráfico de drogas, de Norte e Sul

Um relatório elaborado pelo Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas mostra que a prática é comum em Mato Grosso, e as ocorrências se estendem de Norte a Sul do Estado.

O estudo, ao qual MidiaNews teve acesso, constatou que cidades cortadas por rodovias, com grande movimentação de pessoas em situação de baixa renda, são as mais vulneráveis para a atividade.

Mato Grosso, por ser região de fronteira, é uma das rotas de entrada de bolivianos, que são levados para trabalhar ilegalmente em outros Estados. Geralmente, essas pessoas vivem em regime semelhante à escravidão, trabalhando em confecções de roupas e montagem de produtos pirateados. As mulheres são obrigadas a se prostituir e a trabalhar para o tráfico de drogas.

Em novembro de 2010, a Superintendência Regional do Trabalho realizou uma operação de fiscalização nas boates e bares, na região conhecida com "Zero Km", em Várzea Grande.

Durante a ação, foram encontradas 20 mulheres, trabalhando em condições análogas à escravidão.

A Policia Rodoviária Federal de Mato Grosso realizou um levantamento identificando os 4 mil quilómetros de rodovias, divididas em cinco BR´s: 364, 163, 070, 153 e 158, que dão acesso à grande maioria dos 141 municípios no Estado.

O relatório mostra que cada localidade possui características e peculiaridades referentes aos pontos de vulneráveis para o tráfico de pessoas. O problema principal que envolve o assunto gira em torno de problemas econômicos.

Veja uma síntese do relatório dividido por regiões:

Região Sul

No Sul do Estado, nas proximidades da BR-364, próximo às margem da rodovia no município de Alto Araguaia (a 415 km de Cuiabá), a instalação do terminal rodoferroviário refletiu no aumento do numero de veículos de cargas e a concentração de motoristas. Próximo ao terminal foram se proliferando a criação de comércios e serviços de profissionais do sexo.

Acredita-se que, devido à proximidade da cidade de Alto Araguaia, que faz divisa com o Estado de Goiás, acontece um processo migratório de menores do Estado de Goiás para aquela região, configurando tráfico de pessoas.

A Baixada Cuiabana, devido à grande explosão urbana nos últimos anos, trouxe a concentração de bairros e vários tipos de comércios próximos às margens das BR-364 e BR-163.

Em Rondonópolis (a 212 km da Capital), nas BR-364 e 163, que ligam os Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, no denominado Posto Trevão, existe uma concentração de caminhões. Neste local, foram registradas varias ocorrências de abordagem e encaminhamento de menores de idade ao conselho tutelar. Muitos deles eram de outros estados e afirmaram que vieram a Mato Grosso apenas para se prostituir.

Região Norte

No Norte do Estado, nas margens da BR- 163, existem vários municípios ao longa desta rodovia, que segue ligando o Estado de Mato Grosso com o Pará.

O processo de migração de crianças e adolescente de Mato Grosso para o Estado do Para, com destino as zonas de garimpo daquele Estado, é uma das características marcantes da região. Com municípios que foram formados remanescentes de garimpos, é comum a exposição de adolescentes e crianças em bares, lanchonetes e postos de gasolina.

O relatório mostra que, principalmente em razão da falta de infraestrutura dos municípios, essas deficiências fragilizaram classe infanto-juvenil, expondo-as às vulnerabilidades em níveis mais elevados.

Região Leste

Favorecida por belezas naturais, o Leste (Vale do Araguaia) concentra uma grande parte do turismo de Mato Grosso. Porém, essa atração turística para a região tem movimentado também o turismo sexual, que reflete no continuo movimento de criança e adolescente, nas BRs 070 e 158.

Trabalho difícil

A Polícia Rodoviária Federal avalia que as inovações de agenciamento da rede criminosa dificultam os flagrantes e as prisões. Os agenciados migram as ações, com intuito de ludibriar a fiscalização.

O relatório mostra que um exemplo desta dificuldade, que ficou caracterizada em uma abordagem a uma adolescente que estava em um bar danceteria, localizado ao lado do posto de combustível São Mateus, em Cuiabá, onde a adolescente declarou: "Todas a meninas que fazem programas neste ponto já sabem, através da televisão, as datas em que serão intensificadas as fiscalizações. É só parar de se oferecer aos clientes nestes dias e curtir as férias".

Problema mundial

O tráfico de seres humanos é considerado um crime transnacional, atinge todos os países do mundo, locais de origem, de trânsito ou de destino das vítimas. O Brasil é considerado o principal "exportador" de pessoas da América Latina.

O tráfico internacional de seres humanos movimenta US$ 34 bilhões anualmente e só perde para o de drogas e o de armas.

As cifras dão uma ideia da dimensão do crime, que está cada vez mais organizado e difícil de ser combatido.

A prostituição não é o único fator motivador do crime. A adoção ilegal de crianças, a escravidão, o trabalho forçado e até a remoção de órgãos para transplantes também são usados por traficantes de humanos.

Estima-se que 2,4 milhões de pessoas, em todo o planeta, sejam vítimas da armadilha do trabalho forçado, em consequência do tráfico de pessoas.

Mulheres e meninas representam quase 80% das pessoas vulneráveis a esse crime. O tráfico de crianças representa entre 15% e 20% das vítimas.






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