Para repórter da TV Globo, situação na Grande Cuiabá é uma das piores, na área do atendimento, no Brasil
"JN no Ar" flagra caos em hospital de Várzea Grande
A equipe do “JN no Ar”, quadro itinerante do Jornal Nacional (Rede Globo) que visita os Estados para avaliar como estão sendo administrados os serviços essenciais ao cidadão, chegou ontem (20), às 23h, em Cuiabá.
Antes mesmo de seguir para o hotel, a equipe da TV Globo fez uma visita-surpresa ao Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande, que antes já funcionava com capacidade máxima e, após o fechamento das portas do Pronto Socorro de Cuiabá, opera com superlotação.
A visita ocorreu por volta da meia-noite. Pacientes foram flagrados dormindo no chão dos corredores, alguns com ferimentos graves, mas sem receber o atendimento adequado, por falta de instrumentos esterilizados.
A única sala em funcionamento do Centro Cirúrgico também foi visitada: lá, sempre fica comprometido o atendimento de urgência e emergência quando mais de uma pessoa necessita da intervenção.
A unidade hospitalar está um caos. Não há espaço nos quartos e cerca de 70 pacientes precisam aguardar por atendimento ou se recuperar pelos corredores ou em locais improvisados, deitados no chão, em lençóis ou macas.
O antigo refeitório do hospital de Várzea Grande está sendo readaptado para se tornar um quarto, com capacidade para receber 15 leitos. Enquanto isso, duas alas estão sendo reformadas no Pronto-Socorro de Cuiabá, para que os pacientes de urgência e emergência voltem a ser atendidos na unidade, fechada desde o desabamento do telhado na ala vermelha, após uma forte chuva no último dia 14.
O repórter Paulo Renato Soares, participa da caravana do Jornal Nacional, disse, em entrevista ao "Bom Dia, MT", da TV Centro América (Canal 4), que, apesar de saber que todos os municípios brasileiros sofrem com algum tipo de problema na saúde, Cuiabá e Várzea Grande estão enfrentando problemas bem piores.
“Eu acho que aqui vocês estão vivendo um problema ainda pior, porque é no atendimento de emergência, que é diretamente ligado à vida, à sobrevivência das pessoas. De repente, com essa denúncia, as soluções possam vir com mais rapidez”, disse.
Cuiabá
O Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá deve reiniciar o atendimento de urgência e emergência no sábado (22). A informação é do secretário-adjunto de Planejamento e Operações da Secretaria de Saúde de Cuiabá, Huark Douglas Correia.
Segundo ele, as obras em andamento no Pronto-Socorro da Capital, nas áreas afetadas pelas chuvas da última sexta-feira (14), podem ser finalizadas totalmente em 20 dias. Com isso, de cada 10 casos de urgência e emergência que são levados para Várzea Grande, sete serão atendidos na Capital.
Enquanto isso, o prefeito Chico Galindo (PTB) ainda aguarda uma decisão para o impasse da administração do hospital da Capital. Segundo ele, os últimos ajustes estão sendo feitos antes do Estado assumir a gestão do hospital, solução apontada pela administração municipal como a saída para solucionar o caos da Saúde no Estado.
"Os técnicos tiveram 15 dias para fazer todo o levantamento. Se continuar havendo obstáculos, o município irá continuar a gestão e o Estado vai ter que assumir a saúde no interior do Estado (para aliviar a carga do Pronto Socorro)", afirmou o prefeito.
O secretário de Estado de Saúde (SES), Pedro Henry, já havia criticado a falta de produtividade do hospitais municipais de Cuiabá e Várzea Grande, em coletiva realizada semanas atrás. Segundo ele, houve uma "acomodação" por parte das equipes dos Prontos-Socorros Municipais da capital e da cidade vizinha depois que o Hospital Metropolitano passou a funcionar.
"Depois que lá (Metropolitano) começou a funcionar, o resto cruzou os braços. Aqueles (pacientes) que estão dentro do Pronto Socorro, são eles que têm que resolver. Mas não estão querendo trabalhar", criticou Henry, na época.
Galindo argumentou saber da importância do Pronto-Socorro para a saúde, afirmando que nos últimos dias em que o hospital ficou fechado - após a queda do telhado na sexta-feira (14) - "o caso se instalou na saúde do Estado".
Segundo o prefeito, não há reformas no telhado há aproximadamente 50 anos, mas o problema será resolvido em, no máximo, 60 dias. "Foi uma falha nossa não percebermos que a obra feita na parte de baixo precisaria ser acompanhada de um novo telhado", disse.
O prefeito afirmou que as obras realizadas pelo município no subsolo do hospital e recém-inauguradas não apresentaram problemas e que, como essa foi a 3ª queda de telhado sofrido pelo Pronto Socorro, o próprio município assumiu as obras.
Policlínicas
Segundo o prefeito, os problemas enfrentados atualmente pela população com a falta de material e de infraestrutura nas policlínicas da Capital serão também sanados pelo Executivo Municipal. "Todas as 250 unidades de Cuiabá vão passar por reformas", prometeu.
Galindo aproveitou para criticar a situação da policlínica do Planalto, inaugurada em 2008, durante a campanha de reeleição do então prefeito Wilson Santos (PSDB). "Infelizmente, não foi (uma reforma) feita com a qualidade necessária".
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