O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou nesta sexta-feira (21) a retirada total de tropas norte-americanas do Iraque até o fim de ano.
Segundo Obama, a volta das tropas vai ocorrer "como prometido" por ele.
"Depois de quase nove anos, a guerra dos EUA no Iraque vai terminar", disse em declaração na Casa Branca.
Obama afirmou que, a partir de agora, a relação entre EUA e Iraque vai ser "normal", baseada no respeito.
Devem deixar o Iraque até o fim do ano os 39 mil soldados americanos que restam no Iraque, pondo fim a uma invasão iniciada pelo antecessor de Obama, o republicano George W. Bush, em março de 2003.
Obama fez o anúncio em declaração na Casa Branca, após videoconferência com o premiê do Iraque, Nuri al-Maliki, e após o fracasso das negociações entre as duas partes para chegar a um acordo sobre a manutenção de um pequeno número de tropas no Iraque depois do final de ano.
"Os pontos de vista dos dois líderes eram idênticos a respeito da necessidade de iniciar uma nova fase das relações estratégicas, depois de concluída a retirada (das tropas americanas) em uma data precisa no final do ano", afirmou Maliki, segundo uma declaração divulgada por seu gabinete.
A data da retirada das tropas já havia sido decidida em 2008 por ambos os países, mas Bagdá se recusava a conceder imunidade legal para o pequeno contingente de soldados americanos que permaneceria no país para ajudar a treinar as forças iraquianas e contrabalançar a influência do Irã.
Esse ponto era "um obstáculo maior" nas negociações, reconheceu na segunda-feira um alto funcionário do Pentágono.
O líder radical xiita iraquiano Moqtada al-Sadr considerou aceitável na quarta-feira que os instrutores militares americanos permaneçam no Iraque depois do final do ano sob a condição de que as tropas americanas se retirem completamente e que Washington pague uma "indenização" ao país.
O anúncio de Obama foi feito no dia seguinte à "desativação" da divisão norte do aparato americano no Iraque, centro do conflito entre as autoridades centrais do país e as da região autônoma do Curdistão.
Esse conflito é apresentado com frequência por Washington como um dos principais riscos para a estabilidade do Iraque a longo prazo, por causa da influência do Irã nessa região, também de maioria xiita.
Os Estados Unidos ainda contam com 18 bases no país, e Obama anunciou que havia convidado Maliki a visitar a Casa Branca em dezembro, quando ambas as partes voltam a manter relações normais entre duas nações soberanas.
Obama lembrou que fez campanha em 2008 contra a intervenção de seu país no Iraque. Depois, enviou dezenas de milhares de tropas como reforço ao Afeganistão, parte das quais se preparam para deixar o país na transferência das tarefas de segurança para as forças afegãs.
"Os Estados Unidos estão em uma posição de força. A longa guerra no Iraque chegará ao seu fim no final deste ano. A transição no Afeganistão está avançando e nossas tropas finalmente estão voltando para casa", disse Obama.
"Apoio plenamente o presidente" disse o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, depois do anúncio do presidente. Referindo-se também a uma eventual ameaça de Teerã, Reid afirmou que os iranianos "deveriam saber que a primavera que atingiu essa região do mundo está a ponto de antingi-los também".
Soldados americanos durante operação em Istaqlal, norte de Bagdá, em 8 de agosto (Foto: AP)
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