Terminal de Rondonópolis pode ficar prejudicado por falta de estrutura
O prefeito Zé do Pátio, o presidente da Câmara Municipal Ananias Filho e o governador Silval avaliam área onde será construída o terminal da ferrovia; na visita ao local, que nem recebeu placa sobre a obra, ninguém discursou
Fotos: Glaucia Colognesi
O debate sobre os impactos da chegada da Ferronorte a Rondonópolis, cidade-pólo do Sul do Estado, ficou restrito a autoridades políticas e o empresariado. A população em geral não esteve presente na mesa redonda, realizada na sexta (21) à noite, na Câmara Municipal. A organização partiu do deputado federal Wellington Fagundes. Os debates não trouxeram novidades. Além das informações sobre o assunto não serem popularizadas, a sessão serviu para evidenciar algumas lacunas na condução dos projetos pela América Latina Logística (ALL).
O diretor-executivo da associação dos Transportadores de Cargas de Mato Grosso, Miguel Mendes, observou que falta estrutura nos terminais ferroviários de Alto Araguaia e Alto Taquari e isso pode se repetir em Rondonópolis. Segundo ele, os pátios dos terminais comportam poucos caminhões e isso acaba causando engarrafamento e prejudicando o trânsito das rodovias próximas e até causando acidentes.
Outra preocupação demonstrada pela entidade é com a falta de projetos sociais por parte da ALL para amenizar o impacto negativo em setores como educação, saúde e segurança pública. Mendes ressaltou que com a chegada da ferrovia, a população vai ter um crescimento de no mínimo 50% e, por consequência, essas áreas essenciais que já estão com desempenhos ruins, ficarão ainda pior. “A ALL é uma empresa privada que está construindo um terminal com recursos públicos que, em contrapartida, não oferecem retornos à sociedade como determinam as regras da concessão. Só se importam com a questão econômica”, criticou.
Silval x Pátio
O comportamento do governador Silval Barbosa e do prefeito Zé Carlos do Pátio no evento demonstrou que as últimas disputas eleitorais ainda não foram superadas por ambos. Mesmo sendo do mesmo partido, o PMDB, ambos evitaram o diálogo. Fizeram questão de sentar longe do outro na mesa de autoridades e, quando quesitonados sobre o clima de racha, desconversaram sobre o assunto. Pátio disse apenas que o cacique do partido, deputado Carlos Bezerra, está procurando construir a unidade e chamou o PMDB de "uma família”.
O mal-estar entre eles vem desde a campanha municipal de 2008, quando Silval se deixou influenciar pelo ex-governador Blairo Maggi (PR) e apoiou o candidato adversário de Pátio à prefeitura, empresário Adilton Sachetti (PDT), na época republicano. Como retaliação, Pátio também apoiou o adversário de Silval ao Governo em 2010, Wilson Santos (PSDB).
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