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Nacional
Quinta - 31 de Outubro de 2013 às 20:30

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 Dezenas de milhares de moçambicanos saíram nesta quinta-feira 931) às ruas de Maputo e outras duas cidades para protestar contra a ameaça de um conflito armado e uma onda de sequestros.
"Paz, bem mais precioso" e "Stop raptos", diziam os cartazes dos manifestantes, que criticaram o governo do presidente Armando Guebuza por não se empenhar suficientemente em dar proteção aos cidadãos no seu confronto contra guerrilheiros do movimento oposicionista Renamo no centro e norte do país.
 
Além da manifestação no centro de Maputo, a capital, houve passeatas também nas cidades portuárias de Beira e Quelimane, na região central.
 
Desde abril, vários civis, policiais e militares já morreram em emboscadas da Renamo, e o Exército está à caça do líder desse grupo, Afonso Dhlakama, no que alguns veem como uma escalada de violência que pode levar o país de volta à guerra civil.
Há também preocupações de que os conflitos armados possam assustar investidores estrangeiros que estão desenvolvendo minas de carvão e a exploração marítima de gás na ex-colônia portuguesa.
A maioria dos confrontos, no entanto, ocorre bem longe de Maputo, na região dos montes Gorongosa.
"Não queremos viver neste clima de medo e insegurança. Estamos aqui a dizer em alto e bom som ‘não à guerra", porque queremos a paz", disse o artista Sertorio Salde, de 38 anos, que participou da manifestação na capital.
Outro motivo de irritação para os moçambicanos é o crescente número de sequestros para a cobrança de resgate, que atinge famílias de classe média e alta nos últimos anos. Os manifestantes acusavam a polícia e o governo de serem incapazes de proteger os cidadãos contra isso.
Nesta semana, um menino de 13 anos foi achado morto na Beira depois que sua família avisou a polícia sobre seu sequestro. O fato gerou especulações de que alguns policiais poderiam estar envolvidos com os sequestros.
"Chegamos a um estado de total desgoverno. O governo está à deriva, não está a conseguir resolver os problemas imediatos que o país está a enfrentar", disse Marilia Tembe, que também participava do protesto em Maputo.
A passeata, em que houve críticas também à corrupção na polícia e no funcionalismo público, foi organizada por grupos da sociedade civil e grupos religiosos.
O partido Frelimo, de Guebuza, governa Moçambique desde o fim do colonialismo português, em 1975. O antigo movimento marxista de libertação nacional travou uma guerra civil contra os rebeldes da Renamo até 1992, quando o Acordo de Roma levou o país a uma democracia multipartidária.
A Frelimo venceu todas as eleições desde 1992, mas é acusada pela Renamo e por outros opositores de monopolizar o poder político e econômico nas mãos de uma pequena elite governante.
Apesar do rápido crescimento econômico dos últimos anos, mais de metade da população continua vivendo na pobreza, e muitos moçambicanos consideram que não estão sendo beneficiados pelos investimentos das empresas de mineração e energia.
Somando-se à crescente preocupação internacional com a situação em Moçambique, os Estados Unidos condenaram nesta quinta-feira os "lamentáveis ataques" contra civis e manifestaram preocupação com a escalada da violência entre o Exército e a Renamo.





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